Num país onde a percentagem de consumidores de medicamentos genéricos continua a estar aquém de alguns dos principais países europeus esclarecemos algumas verdades e mitos.
Mitos:
Os medicamentos genéricos demoram mais tempo a fazer efeito
Os medicamentos genéricos devem libertar a mesma quantidade de substância ativa durante o mesmo período de tempo que o medicamento original. Por esse motivo, a legislação exige a realização de um teste de bioequivalência antes do registo e da autorização de comercialização para garantir que o medicamento tem as mesmas propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas do produto original.
Os medicamentos genéricos são vendidos a baixo preço porque não têm tanta qualidade
O preço de um medicamento original reflete, mais do que o custo de produção, o investimento que foi feito em investigação, desenvolvimento e promoção para o lançar no mercado. Quando os medicamentos genéricos entram no mercado, esse tipo de investimento já não é necessário, o que permite aos medicamentos genéricos competir através do preço. A qualidade e eficácia são pré-requisitos que têm de ser sempre assegurados para a sua comercialização.
Os medicamentos genéricos têm uma composição diferente em relação aos equivalentes de marca
Medicamentos genéricos e os seus equivalentes de marca têm de conter a mesma substância ativa, responsável pelo efeito terapêutico. Diferenças nos excipientes (como edulcorantes) são permitidas desde que não influenciem a eficácia terapêutica, a segurança ou a forma como o fármaco se comporta no organismo. Por estes motivos, é obrigatório que os medicamentos genéricos sejam submetidos a testes de bioequivalência antes de entrarem no mercado.
Verdades:
Um medicamento genérico pode ter um aspeto diferente do medicamento original
São permitidas diferenças de tamanho, forma e cor entre medicamentos de marca e genéricos, desde que não tenham impacto na eficácia, qualidade e segurança do medicamento.
Investigações demonstram que os medicamentos genéricos atuam tão bem como os medicamentos de marca
Um estudo avaliou 38 ensaios clínicos publicados que comparavam medicamentos genéricos para o Sistema Cardiovascular com os seus equivalentes de marca. Nestes ensaios não foi encontrada evidência de que os medicamentos de marca atuassem melhor que os genéricos.
O resultado deste estudo é explicado pelo facto de os medicamentos genéricos serem submetidos a ensaios de bioequivalência antes de entrarem no mercado.
[Kesselheim et al. Clinical equivalence of generic and brand-name drugs used in cardiovascular disease: a systematic review and meta-analysis. JAMA. 2008;300(21)2514-2526].