Um estudo publicado este domingo pela revista científica Nature Geoscience indica que um terço da superfície do planeta Marte poderá ter sido um vasto oceano, há 3,5 mil milhões de anos. O estudo integra dados recolhidos nas missões de observação em Marte efetuadas pela NASA e pela Agência Espacial Europeia (ESA).
A investigação foi realizada por Gaetano Di Achille e Bryan Hynek, da Universidade de Colorado (EUA), que analisaram dados de 52 depósitos sedimentares de “deltas” e a rede de vales de antigos rios que irrigavam a superfície de Marte.
Segundo o comunicado divulgado pela Universidade de Colorado, mais de metade desses depósitos “marcavam provavelmente os limites do suposto oceano, porque todos estavam situados sensivelmente à mesma altitude”. 29 dos 52 depósitos estariam ligados ao antigo oceano de Marte ou às águas subterrâneas que alimentavam este oceano e vários grandes lagos adjacentes.
Bryan Hynek era já autor de um outro estudo publicado no Journal of Geophysical Research (Planets) que documenta a identificação de cerca de 40 mil vales de antigos rios no planeta vermelho, que seriam a fonte dos sedimentos acumulados nos deltas.
Por isso, o investigador crê que “Marte tinha provavelmente um ciclo hidrológico global semelhante ao da Terra, com chuva, formação de nuvens, acumulação de gelo e águas subterrâneas”, explica, citado pela AFP.
“Se a vida aparecer um dia em Marte, os deltas poderão ser a chave para revelar o passado biológico marciano”, acrescentou o investigador Gaetano Di Achille.