O tubarão-baleia é uma espécie cada vez mais avistada no arquipélago dos Açores, o único local da Europa onde é possível testemunhar, ocasionalmente, a passagem pelas águas deste que é o maior peixe do mundo.
O tubarão-baleia é uma espécie cada vez mais avistada no arquipélago dos Açores, o único local da Europa onde é possível testemunhar, ocasionalmente, a passagem pelas águas deste que é o maior peixe do mundo. A atração exercida pelo mar português poderá transformar-se numa boa oportunidade para o turismo especializado.
As conclusões são de um estudo que, como o Boas Notícias avançou em Abril deste ano, está a ser conduzido por investigadores da Universidade dos Açores para melhor compreender, entre outros elementos, aspetos como as rotas de migração, a alimentação, a estrutura populacional e os hábitos reprodutivos dos tubarões-baleia.
Recentemente, a equipa envolvida revelou que o aumento da frequência do avistamento destes animais pode estar relacionada com as alterações climáticas e com o incremento da temperatura no Atlântico Norte Central, conforme apontam os resultados da investigação agora publicados na revista científica PLOS One.
“Aquilo que despertou a nossa curiosidade foi o facto de em 2008 ter havido uma ocorrência absolutamente excecional do número de tubarões-baleia e esse ano foi um ano excecionalmente quente na temperatura da água da região durante o pico do Verão”, explica Pedro Afonso, líder do estudo, em declarações feitas à Lusa esta semana.
Segundo o investigador, a equipa considerou, “de facto, que havia uma associação clara entre as temperaturas mais quentes do ano e a ocorrência do tubarão-baleia”, com base na análise de dados recolhidos por observadores a bordo de embarcações atuneiras na região, durante a safra de pesca ao atum, ao longo dos últimos 16 anos.
Boa oportunidade para o turismo açoriano
Pedro Afonso esclarece que esta espécie migratória habita normalmente em águas tropicais, pelo que, num cenário de alterações climáticas, é possível que venha a escolher cada vez mais como habitat os mares açorianos.
“Na eventualidade de possíveis cenários de aquecimento global, nomeadamente de aquecimento das águas na nossa região, é possível que a probabilidade de avistamento desses animais aumente”, admite, acrescentando que esta realidade poderá ser uma boa oportunidade para o turismo da Região Autónoma dos Açores.
De acordo com o coordenador do estudo, “começa a haver um certo turismo de mergulho dirigido aos tubarões-baleia” porque, “ao fim e ao cabo, é o único sítio da Europa onde se podem ver ocasionalmente” exemplares desta espécie.
Pedro Afonso considera que “poder nadar livremente com um animal daquela dimensão e com aquela beleza” é “uma experiência que atrai muita gente”, pelo que “haverá muita gente disposta a pagar muito dinheiro para o fazer.
A este propósito, importa referir que, apesar do seu tamanho impressionante, o tubarão-baleia não representa qualquer ameaça para o ser humano, uma vez que as suas fileiras de dentes não são usadas no processo de ingestão de alimentos porque o mesmo não mastiga as suas “refeições”, compostas por algas e pequenos peixes.
O tubarão-baleia é considerado o maior peixe do mundo – veja, na imagem acima, uma comparação entre o tamanho médio do homem e o deste animal aquático.
O cientista da Universidade dos Açores defende ainda que é necessário continuar a estudar o aumento do aparecimento de tubarões-baleia na região para se obterem “conclusões mais robustas” e respostas para questões como, por exemplo, o facto de “os Açores serem uma das poucas regiões do mundo onde só há agregação de indivíduos [tubarão-baleia] sexualmente maduros”.
“Estes dados são apenas de avistamento, portanto este trabalho deve ser complementado com outros trabalhos, aliás, que já estamos a fazer há três anos em colaboração com colegas dos Estados Unidos, com marcações de satélite para saber para onde os animais vão quando deixam a região”, alerta Pedro Afonso.
O investigador relembra também que, a verificar-se cada vez maior presença do tubarão-baleia, habitualmente conhecido nos Açores como pintado, a região passará a ter uma maior responsabilidade no que toca à preservação da espécie.
“[Este estudo] lança algum enfâse num eventual aumento da importância da região dos Açores como habitat temporário, ou seja, durante parte do ano, para estes animais. A região tem de estar preparada para responder a essa responsabilidade que é de ter um habitat importante para um animal internacionalmente protegido”, conclui.
Clique AQUI para aceder aos resultados do estudo conduzido pela Universidade dos Açores na revista PLOS ONE (em inglês).