Uma equipa de cientistas japoneses acaba de dar início ao primeiro ensaio clínico internacional que vai testar uma técnica de radioterapia "não cirúrgica, poderosa e de curta duração" contra o cancro da mama, a radioterapia com iões pesados.
Uma equipa de cientistas japoneses acaba de dar início ao primeiro ensaio clínico internacional que vai testar uma técnica de radioterapia “não cirúrgica, poderosa e de curta duração” contra o cancro da mama. Trata-se da radioterapia com iões pesados, que já mostrou ser eficaz noutros tipos de cancro sem metástases.
O anúncio foi feito por Kumiko Karasawa, oncologista especialista em cancro da mama do National Institute of Radiological Sciences do Japão. Segundo a investigadora, este tipo de radioterapia “emite um 'raio' que é dirigido com precisão às células malignas”.
Ao contrário da técnica convencional, que utiliza raios-x e raios gama, mais potentes à superfície da pele mas que perdem força à medida que penetram nos tecidos, esta alternativa consegue manter a mesma força a maior “profundidade”, explica Karasawa.
Segundo a agência japonesa Kyodo News, esta terapia já foi testada contra outros tipos de cancro, nomeadamente o cancro da próstata e do pulmão, com bons resultados, mas nunca tinha sido possível experimentá-la no combate ao cancro da mama.
“Agora já é possível conduzir este ensaio clínico porque temos um conhecimento mais aprofundado acerca dos tipos de cancro da mama que podem beneficiar deste tratamento”, disse Karasawa à AFP, acrescentando que o desenvolvimento de equipamento médico que imobiliza o tecido mamário durante a terapia é também um grande auxílio.
Primeiro ensaio clínico vai envolver 20 pacientes
Ao longo do ensaio, a especialista e os seus colegas vão tratar um grupo de 20 pacientes com, pelo menos, 60 anos, e com pequenos tumores que não se espalharam pelo organismo.
Cada um vai ser submetido a uma hora de terapia por dia durante quatro dias, um período de tempo muito mais curto do que o da radioterapia convencional, que pode prolongar-se por vários meses. Os pacientes serão acompanhados nos cinco anos seguintes para que os investigadores tirem conclusões sobre os benefício da técnica.
“Em última instância, [esta terapia] poderá constituir-se como uma opção para os pacientes que não querem cirurgia ou que não podem submeter-se ao tratamento tradicional, que exige visitas regulares ao médico durante largos meses”, concluiu a cientista japonesa.
Atualmente, o Japão é líder na tecnologia utilizada neste tratamento e alberga três dos seis centros médicos a nível internacional que dispõem do equipamento necessário (no valor de quase 100 milhões de dólares).
Além disso, o país, que conta com um sistema médico de alta qualidade, tem tido bons resultados no combate ao cancro da mama, oferecendo aos pacientes uma taxa de sobrevivência de 90% ao fim de cinco anos após o diagnóstico.
Segundo o National Institute of Radiological Sciences, o desenvolvimento deste tipo de técnicas localizadas e menos invasivas é “cada vez mais importante” já que, com o envelhecimento da população, torna-se fundamental “reduzir a carga física” do tratamento para os pacientes.