A equipa do investigador português Miguel Soares, do Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras, desvendou um mistério científico com mais de 50 anos que estava por detrás da doença de sangue com anemia falciforme que protege contra a infeção pelo parasita plasmodium, causador da malária.
O estudo foi publicado esta sexta-feira pela revista científica Cell e prevê-se que abra novas portas para a criação de uma terapia contra a malária.
A anemia falciforme é uma doença de sangue na qual os glóbulos vermelhos tomam a forma de foice se observadas ao microscópio. É uma condição transmitida geneticamente por um ou pelos dois progenitores.
Os indivíduos que herdaram a condição de ambos os progenitores desenvolvem anemia falciforme. Se não tratada levará a problemas de saúde graves que encurtam a esperança de vida.
Os indivíduos que herdaram o gene apenas um dos progenitores podem levar uma vida normal e, de acordo com a descoberta dos cientistas nacionais, estão mais protegidos contra a malária, o que explica a grande prevalência geográfica desta condição nas áreas onde a malária é endémica.
Quem não tem nenhuma destas mutações genéticas no sangue está mais vulnerável a padecer e sucumbir à malária.
Resumindo, ser portador de anemia falciforme confere uma vantagem no que respeita à sobrevivência de indivíduos em zonas endémicas de malária, a doença causada pela infeção do parasita plasmodium.
A experiência em ratinhos demonstrou que os portadores desta mutação genética não sucumbiram à malária cerebral já que esta condição induz à ativação da enzima heme-oxigenase.
Saiba mais sobre esta investigação acedendo ao estudo publicado na revista Cell no seguinte link: http://www.cell.com/abstract/S0092-8674%2811%2900384-9