Uma equipa de investigadores norte-americanos conseguiu descrever, pela primeira vez, a estrutura do capsídeo - isto é, da "cápsula protetora" - do vírus do VIH, um passo importante em termos de terapias para tratar e prevenir a SIDA.
Uma equipa de investigadores norte-americanos conseguiu descrever, pela primeira vez, a estrutura do capsídeo – isto é, da “cápsula protetora” – do vírus do VIH (vírus da imunodeficiência humana), que engloba mais de quatro milhões de átomos. De acordo com os cientistas, o avanço constitui mais um passo importante no desenvolvimento de novas terapias para o tratamento e prevenção da SIDA.
Peijun Zhang, uma dos investigadoras da Universidade de Pittsburgh, nos EUA, envolvida no estudo que faz a capa da mais recente edição da revista Nature, explica, em comunicado, que já há muito tempo os cientistas tentavam decifrar a composição química deste “invólucro” do vírus, que envolve múltiplas proteínas idênticas.
Visto que o capsídeo é “assimétrico e não é uniforme”, os especialistas continuavam a ter dúvidas acerca do número de proteínas existentes e da forma como se ligavam entre si, um obstáculo que a equipa norte-americana conseguiu, agora, ultrapassar, com implicações importantes em futuros tratamentos.
“O capsídeo é muito relevante ao nível da replicação do VIH, pelo que conhecer em detalhe a sua estrutura poderá levar-nos ao desenvolvimento de novos tratamentos para tratar ou prevenir a infeção”, explica Zhang, acrescentando que esta abordagem “tem potencial para se tornar uma alternativa poderosa às atuais terapias contra o vírus, que passam pelo 'ataque' a determinadas enzimas mas têm efeitos limitados porque a capacidade de mutação o torna resistente aos fármacos”.
Fragilidades na cápsula são oportunidades terapêuticas
Os investigadores fugiram aos métodos tradicionais e utilizaram microscópios avançados para analisar o vírus em grande resolução com o objetivo de apurar as ligações entre as proteínas. Depois, em colaboração com cientistas da Universidade de Illinois, recorreram a um supercomputador para efetuar simulações da estrutura conhecida do capsídeo e comparar resultados.
O processo permitiu revelar fragilidades na camada protetora do vírus, em particular em áreas que são essenciais para que esta se mantenha unida e estável. “O capsídeo é muito sensível às mutações, pelo que, se conseguirmos destruir essas áreas, conseguimos interferir nas suas funções”, salienta a coordenadora da investigação, que se mostra otimista.
“Este invólucro tem de permanecer intacto para proteger o genoma do VIH e para entrar nas células humanas mas, depois desta entrada, tem de separar-se para 'libertar' o seu conteúdo e permitir a multiplicação do vírus. Se desenvolvermos fármacos que causem uma disfunção do capsídeo evitando que as proteínas se unam ou desunam, poderemos travar a reprodução viral”, conclui.
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