Chama-se Mais Proximidade, Melhor Vida (MPMV) e, na verdade, o seu nome fala por si. O objetivo é contribuir para que a população idosa da área se sinta e esteja efetivamente mais incluída na cidade, obtendo maior qualidade de vida.
A iniciativa surgiu pela mão de Maria de Lourdes Miguel, que integra a Direção do Centro Social e Paroquial de São Nicolau.
“Sempre vivi, até hoje, numa família onde os idosos são o pilar máximo de referências quer emocionais, quer de princípios éticos, morais e de valores”, confessou Maria de Lourdes num discurso realizado este mês.
Influenciada pela sua própria realidade, quando foi convidada a entrar para os quadros dirigentes do Centro, a atual responsável do MPMV olhou para o mapa demográfico desta freguesia e das freguesias envolventes e, conforme confessou por ocasião desse discurso, começou “a sonhar”.
A concretização do sonho teve início com um outro projeto, o “Mais Sós”, que procurou obter um conhecimento mais aprofundado das necessidades vividas pelos 930 idosos aí residentes. Em Fevereiro de 2010, este primeiro trabalho veio a transformar-se num projeto mais amplo e assim nasceu o MPMV.
Mais de oito dezenas de idosos apoiados a vários níveis
Atualmente, são apoiados 84 idosos, com idades acima de 65 anos de múltiplas formas. O projeto desenvolve atividades que visam diminuir a solidão, como tertúlias, chamadas telefónicas regulares e visitas domiciliárias feitas por voluntários, mas o seu espetro de ação é bastante mais alargado.
Há também técnicos encarregados, por exemplo, da aquisição de fármacos, da marcação de consultas médicas em situações em que o idoso tenha grandes limitações em deslocar-se à rua e até do acompanhamento às respetivas consultas ou exames quando tal se mostre necessário.
Além disso, os técnicos e os voluntários procuram apoiar os séniores na realização de passatempos que os entusiasmem. “Ultimamente tem-se verificado a existência de vontades muito específicas, como o idoso que quer aprender a usar um computador ou uma idosa que gostaria de aprender a pintar”, contou Susana Rito, gerontóloga social do projeto, ao Boas Notícias.
A importância dos afetos
Susana Rito e Mafalda Ferreira, técnica de Serviço Social, são, aliás, duas peças fundamentais do MPMV. Constantemente presentes no terreno, as duas especialistas orientam o trabalho dos voluntários, na sua maioria jovens com qualificações superiores e profissionalmente ativos, que dedicam parte do seu tempo livre a tornar estas pessoas mais felizes, cada uma à sua maneira.
Susana realça que “o suporte afetivo é, com frequência, o mais importante”. Embora muitas vezes este elemento seja esquecido nas intervenções realizadas a nível nacional e não possa ser medido em estatísticas, a especialista frisa que “se reflete em sorrisos, na melhoria de autoestima das pessoas e na sua satisfação em viver”.
Graças ao trabalho feito por este grupo, os sorrisos têm mesmo aumentado entre os idosos do centro histórico da capital portuguesa, que até incentivam os responsáveis a estendê-lo a outros pontos do país.
“Temos obtido um feedback muito bom, pelo que são os próprios idosos que sugerem a implementação de projetos semelhantes noutras áreas geográficas”, acrescenta a gerontóloga do MPMV.
Mesmo que, por agora, permaneça apenas por Lisboa, uma coisa é certa: o MPMV continuará os esforços no sentido de alargar a sua influência a, pelo menos, mais duas freguesias – Santa Justa e Sé – de modo a pôr fim ao isolamento com a proximidade, tudo para oferecer à população idosa uma vida melhor. CATARINA FERREIRA
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