O Ballet Real do Camboja, classificado pela UNESCO como Património Oral e Imaterial da Humanidade, vai atuar no palco do Museu do Oriente, em Lisboa, no próximo dia 6 de Maio. Ligado há mais de 1.000 anos à corte khmer, destaca-se das restantes dança
O Ballet Real do Camboja, classificado pela UNESCO como Património Oral e Imaterial da Humanidade, vai atuar no palco do Museu do Oriente, em Lisboa, no próximo dia 6 de Maio. Ligado há mais de 1.000 anos à corte khmer, destaca-se das restantes danças pelos gestos graciosos das mãos das bailarinas e magníficos trajes tradicionais que vestem.
Enquanto expressão artística que remete para uma função sagrada e simbólica na cultura do país, o Ballet Real é hoje um objeto de veneração por parte dos cambojanos, estando, inclusive, classificado pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, Património Oral e Imaterial da Humanidade – desde 2003.
Tradicionalmente, acompanhava cerimónias reais como coroações, casamentos, funerais ou festividades kmers, personificando os valores tradicionais de pureza, respeito e espiritualidade.
Em consequência da execução de todos os grandes bailarinos e músicos, o Royal Ballet acabou por desaparecer durante o regime repressivo dos Khmers Vermelhos. No entanto, logo após a derrota de Pol Pot, em 1979, as companhias de dança voltaram a surgir, recuperando todo o esplendor das coreografias do antigo repertório.
Em Maio, em Lisboa, será apresentado 'Reamker – A Glória de Rama', o mais popular poema épico do Camboja, trazido da Índia pelos viajantes, nos primeiros séculos da era cristã. Depois de adaptado do original Ramayana, o Reamker acabou por assumir o papel de símbolo da cultura khmer, perpetuando as lendas associadas à sua origem.
Dia 6, no palco do Museu do Oriente, serão apresentados quatro excertos desta obra clássica:
1. Na floresta de Dandaka
O príncipe Preah Ream, a sua mulher Preah Neang Seda e o seu irmão preferido, Preah Leak, passeiam na floresta onde, por vontade própria, se exilaram. Preah Ream e Preah Leak colhem frutos e flores para oferecerem à doce e bela Preah Neang Seda. Cansados, os três decidem descansar à sombra de uma árvore quando aparece Krung Reap, rei dos gigantes e mestre do fabuloso reino de Langka, que fica para lá dos mares. O primeiro olhar que deposita sobre Preah Neang Seda, que se encontra adormecida, faz nascer nele um desejo ardente.
Porém, Krung Reap só poderá aproximar-se da princesa recorrendo a artifícios mágicos. Pede então ao seu lacaio, Maha Rom-El, que se transforme num gracioso veado de ouro de forma a seduzir Preah Neang Seda. Os saltos do veado de ouro despertam os dois príncipes e a princesa. Preah Neang Seda, seduzida pela graça do veado, pede ao marido que vá caçá-lo. Sem se deixar intimidar pela astúcia do caçador, o animal arrasta Preah Ream para um local mais recôndito da floresta.
Preah Neang Seda ouve o pedido de socorro de Preah Ream e pede ao seu jovem cunhado que vá procurá-lo. Antes, porém, de a deixar, Preah Leak desenha um círculo mágico para proteger a cunhada.
A bela princesa encontra-se então sozinha quando surge um eremita que mais não é do que Krung Reap disfarçado. Este atrai-a para fora do círculo mágico e, tirando partido da confiança da princesa, tenta seduzi-la. Indignada, a princesa repele os avanços do eremita. Furioso, Krung Reap retoma a sua verdadeira forma e leva a princesa na sua carruagem voadora.
Preah Ream e Preah Leak regressam ao local onde repousava a princesa mas constatam, atónitos, que ela desapareceu. Preah Leak sugere ao irmão que apele aos deuses a fim de obter o auxílio de Hanuman, o macaco branco, general do exército dos macacos. Confiam-lhe então o anel de Preah Ream que ele deverá entregar à princesa em sinal de esperança.
2. No palácio de Krung Reap
Na sua fortaleza de Langka, onde se encontra captiva, Preah Neang Seda lamenta a sua sorte. É então que surge Hanuman que vem trazer-lhe o anel do seu amado esposo.
3. O grande combate
Preah Ream e o imenso exército dos macacos atravessa os mares e desembarca na ilha de Langka. Krung Reap reune então um grande exército para marchar ao encontro de Preah Ream. Os dois exércitos – dos macacos e dos gigantes – defrontam-se numa batalha em que Krung Reap e Preah Leak se confrontam face a face. Vendo o poderoso Krung Reap a ponto de o virar contra o seu irmão, Preah Ream junta-se ao combate. No final, vence o inimigo graças ao exército mágico concebido pelos deuses.
4. O regresso
Tendo vencido Krung Reap e o seu exército de gigantes, Preah Ream liberta Preah Neang Seda. Acompanhados pela princesa, os dois príncipes regressam, em triunfo, ao reino de Ayodhya.
O preço é de 12,00 euros por pessoa, com desconto de 25% para menores de 30 anos e maiores de 65 e de 30% para grupos de 10 pessoas ou mais.