Ciência

Luso-americano inverte processo de envelhecimento

Uma equipa de cientistas liderada pelo luso-americano Ronald dePinho conseguiu pela primeira vez inverter o processo de envelhecimento através da manipulação genética. A investigação abre caminho para uma espécie de "fonte da juventude" nas células h
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Uma equipa de cientistas liderada pelo luso-americano Ronald dePinho conseguiu pela primeira vez inverter o processo de envelhecimento através da manipulação genética. A investigação abre caminho para uma espécie de “fonte da juventude” nas células humanas.

Em entrevista à Lusa, o luso-americano, professor na escola de medicina de Harvard e no Dana Farber Cancer Institute, explicou que a sua equipa de investigadores conseguiu artificialmente “ligar e desligar” o gene responsável pela reparação do ADN de ratos de laboratório.

As cobaias foram primeiro sujeitas a envelhecimento prematuro, que causou a perda de capacidades cognitivas e sinais exteriores, e quando o gene “voltasse a ser ligado” esperava-se um “abrandamento do processo de envelhecimento ou estabilização”.

“Em vez disso, vimos uma inversão dramática dos sinais e sintomas do envelhecimento: o cérebro aumentou de dimensão, a memória melhorou, deixou da haver pelos grisalhos e regressou a fertilidade”, disse à Lusa.

“Isto ensina-nos que há uma tremenda capacidade de os nossos tecidos se rejuvenescerem por si próprios”, adianta dePinho.

Publicado na revista Nature no final de 2010, o estudo tem vindo a receber grande atenção mediática.Apesar da importância da descoberta, o trabalho a fazer é ainda “tremendo”, afirma, e será precisa “uma década ou mais” até que se chegue a “uma estratégia segura e eficaz” para reparar o ADN.

“Se conseguíssemos descobrir uma droga que pudesse especificamente reativar este gene e reparar os telómeros, as pessoas teriam menos problemas relacionados com a idade, diabetes ou doenças de coração”, afirma.

Entre as dificuldades que os investigadores enfrentam está perceber em que momento ligar este gene e por quanto tempo, porque também células cancerosas podem ser estimuladas, se em presença no organismo.

“Para se poder começar a multiplicar e nunca envelhecer, uma das coisas que a célula cancerosa faz é ligar este gene. Se temos um cancro que já começou e ligarmos o gene, podemos torná-lo mais agressivo”, afirma dePinho.

Além de procurar entender o “calendário próprio” para reativar o gene, a sua equipa vai agora debruçar-se em como é que os tecidos retêm a capacidade de rejuvenescimento, ou seja “os processos biológicos e moleculares que permitem criar esta resposta tremenda”.

“Há uma tremenda quantidade de trabalho para tirarmos partido disto e em última análise melhorar a saúde humana”, afirma.

Co-fundador de empresas de investigação médica – uma delas (Aveo Pharmaceuticals ) cotada no Nasdaq – dePinho defende que o conhecimento “ainda é muito básico para poder ser conduzido esforço comercial”.

[Notícia sugerida pelo utilizador Paulo Monteiro]

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