por Patrícia Maia
Há três anos, quando arrancou a primeira edição do projeto reMix, António não hesitou em enviar a sua candidatura. Foi selecionado e, desde então, fez deste projeto a sua segunda casa: “O meu horário é de três horas mas eu fico cá entre seis a oito horas, esqueço-me do tempo porque gosto do que estou a fazer. Além disso, o que é que estou a fazer em casa? A enferrujar?”.
António Paulo e Joaquim Lopes exibem o tabuleiro colorido feito de pedaços de estores, cujo conceito a equipa do reMix melhorou acresentando uma capa de acrílico transparente na superfície
Ao longo das três edições, a equipa do projeto já sofreu algumas alterações mas António é um elemento constante desde o primeiro momento. Ao lado do seu colega Joaquim Lopes, António passeia com orgulho pela pequena oficina, exibindo alguns dos objetos que construiu recentemente: um colorido tabuleiro feito com restos de estores, uma coluna de som revestida com restos de PVC e os candeeiros Horácio e Maria da Luz, criados a partir de sobras de chapas de impressão em ‘offset’.
Um complemento financeiro para os colaboradores
Todas as peças são imaginadas por designers profissionais, ou estudantes de design, convidados pelo reMix, que recebem 250 euros pelo conceito, cedendo depois os direitos de venda. No entanto, o trabalho da equipa reMix não se confina à reprodução das peças. “As propostas são testadas por nós. Muitas vezes os objetos não funcionam, porque são demasiado frágeis ou pouco funcionais, e nós alteramos o que for necessário para melhorar o resultado final”, explica António.
Metade dessas receitas ficam para os colaboradores externos que fazem os serviços e o restante é investido na associação. Ângelo Campota garante que a ideia funciona: a EGEAC, através do Teatro Maria Matos, é uma das entidades que já recorreu a estes serviços.
Este ano, a grande novidade é a inauguração da loja reMix, que abriu portas no início do mês, mesmo ao lado da oficina, no Bairro do Armador (Rua Bento Gonçalves, 721). “O objetivo é trazer as pessoas até à raiz e à origem das peças, queremos que as pessoas conheçam quem está por detrás da sua construção”, diz Ângelo.
Projeto está a ser ampliado ao bairro da Pena
A Associação Entremuros tem por objetivo colmatar algumas falhas de bairros carenciados, nomeadamente através da promoção de atitudes cívicas e de um maior espírito de partilha. No bairro do Armador, esse esforço foi concretizado através do eco-teatro, das Brigadas de Rua e deste projeto de eco-design.
Exterior da loja no dia da inauguração que contou com a atuação de DJs
Contudo, a oficina foi o projeto que ganhou mais protagonismo, dentro e fora do bairro. O sucesso da iniciativa vai permitir o crescimento do projeto reMix que, este ano, vai ser alargado ao bairro da Pena (Arroios), onde já estão a dar formação a cinco moradores seniores.
O segredo do sucesso é simples, diz Ângelo, que sonha levar a ideia a mais zonas da cidade: “este projeto beneficia os bairros, os designers, as lojas e quem compra porque são produtos únicos”.
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