Está a ser aplicado, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, um tratamento inovador para desobstruir as artérias coronárias. Trata-se de uma prótese que é absorvida pelo organismo.
Está a ser aplicado, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, um tratamento inovador para desobstruir as artérias coronárias. Trata-se de uma prótese que é absorvida pelo organismo sem necessidade de um implante metálico permanente.
“Esta é considerada a terceira revolução no tratamento por angioplastia da doença aterosclerótica coronária”, disse à Lusa Manuel Almeida, diretor do serviço e coordenador de um ensaio clínico em que o Serviço de Cardiologia de Intervenção daquele hospital está a participar e que envolve mais de 500 doentes em toda a Europa.
Em questão está um estudo internacional que selecionou um pequeno grupo de hospitais para participar – entre os quais o Hospital de Santa Cruz. “Não é um estudo de segurança, porque esta já provada, é um estudo de eficácia, que pretende avaliar, qualificar ou quantificar este novo dispositivo”, esclareceu o especialista.
A prótese coronária bioabsorvível destina-se a tratar a doença arterial obstrutiva crónica, a principal causa de morte em Portugal e no mundo. O que a distingue dos dispositivos anteriores, que permanecem nas artérias após o restabelecimento do fluxo sanguíneo, é que esta prótese se dissolve no organismo.
Segundo Manuel Almeida, este é um dispositivo pioneiro “feito de um produto semelhante ao açúcar, que se mantém dentro da artéria durante dois anos”. Ao fim desse tempo, explica o especialista, é “totalmente reabsorvido [pelo organismo] e desaparece”.
A prótese é capaz de “regenerar” a artéria e pode ter várias vantagens, entre as quais o facto de o doente não precisar “de tomar anticoagulantes durante muito tempo, o que reduz o risco hemorrágico”.
Prótese já foi aplicada com sucesso a dois portugueses
Além disso, o tratamento permite também que o doente possa suspender, sem riscos, a medicação, caso necessite de cirurgia e, ao restituir a integridade da artéria, possibilita que o prognóstico do doente melhore a longo-prazo.
O médico avançou que esta prótese já foi aplicada com sucesso a dois doentes portugueses no final de Maio. Atualmente, é utilizada apenas nas artérias do coração, mas os especialistas estão convictos de que, brevemente, possa ser aplicada noutras artérias do corpo.
Contudo, nem todos os doentes podem ser sujeitos a este tratamento, porque “o dispositivo ainda tem algumas limitações”. De acordo com Manuel Almeida, “só as obstruções mais simples é que, neste momento, podem ser tratadas com este dispositivo.”.
“As obstruções mais complexas, mais calcificadas, têm de ser tratadas com os dispositivos mais antigos porque, sendo de metal, têm de ser tratadas com os dispositivos mais antigos porque, sendo de metal, oferecem mais resistência”, revelou.
Sendo a “doença que mais mata em Portugal”, o acidente vascular cerebral traz “consequências devastadoras para os doentes porque deixa limitações muito significativas na qualidade de vida dos doentes”.
Os especialistas acreditam que este tratamento poderá eventualmente reduzir estes números e “acima de tudo, acrescentar qualidade de vida aos doentes”.