A constatação foi feita este sábado, por um grupo de especialistas, no decurso do Festival Intercéltico de Sendim (FIS) iniciativa que adoptou este ano, a língua mirandesa como “emblema” do festival.
“No caso da língua mirandesa, o português tem vindo a invadir o espaço familiar e ao mesmo tempo o espaço do trabalho e social, o que se traduz numa falta de capacidade das línguas minoritárias em resistir a esta pressão”, disse à agência Lusa, o investigador da língua mirandesa Amadeu Ferreira.
Porém, estudiosos, escritores e divulgadores da língua mirandesa acreditam que pelo menos por “mais uma geração”, o mirandês vai continuar a “sobreviver” através da sua divulgação, fruto de iniciativas como o FIS, ou a crescente publicação de obras literárias escritas na segunda língua oficial portuguesa.
Universidade do Japão estudou mirandês
O exemplo surge do Japão, onde uma língua minoritária como o mirandês fez parte de uma tese de doutoramento da Universidade de Kobe, situada nas proximidades de Osaka. O trabalho de investigação está publicado nos anais da Universidade de Kobe, datado de dezembro de 2010.
“O futuro das línguas minoritárias não é muito seguro, no entanto é preciso ter iniciativa e continuar a divulgar esta forma peculiar de comunicar”, disse Satoshi Terao, docente na Universidade de Kobe e autor de uma tese de doutoramento onde figuram as ameaças de extinção a línguas como o mirandês.
Cinco línguas minoritárias representadas no FIS
“A edição deste ano do FIS decorreu sob o signo das línguas minoritárias, o que não acontece, de modo algum, por acaso, já que o evento decorre em pleno coração da Terra de Miranda, baluarte da língua mirandesa”, afirmou Mário Correia, diretor do FIS, sublinhando que se ouviram cantos em asturiano, basco, bretão, gaélico e mirandês.
A transmissão destas formas de comunicar só é possível, para já, através da música que se ouve neste festival, onde a presença destas cinco regiões europeias se distingue apenas pela forma “como falam”.
Apesar de ouvir falar mirandês em terras do planalto, tanto asturianos como galegos “admiram” esta língua que se mantém enraizada em “Terras de Miranda”, há mais de 900 anos.