Um grupo de investigadores portugueses ambiciona lançar para comercialização uma terapia celular capaz de evitar a rejeição de transplantes de medula. Só falta o financiamento do ensaio clínico.
Um grupo de investigadores portugueses ambiciona lançar para comercialização uma terapia celular capaz de evitar a rejeição de transplantes de medula, o que pode constituir uma nova esperança para doentes com leucemia, adianta o Diário de Notícias.
O desejo de lançar este tratamento no mercado surge depois de testes realizados pela equipa em sete doentes que tinham contraído a doença “do enxerto contra o hospedeiro” após a transplantação.
“Pode ocorrer após transplante a cerca de 50% das pessoas, porque há rejeição do sistema imunitário do dador que é transplantado com as células, atacando uma grande amplitude de órgãos”, explicou Francisco dos Santos, um dos investigadores, ao diário português.
Face a esta situação, a terapia celular desenvolvida por Francisco e três outros colegas poderá constituir um enorme passo, uma vez que permite “modelar o sistema imunitário de modo a que ele deixe de atacar o corpo do paciente”. Nos casos analisados, a doença evoluiu favoravelmente. “Alguns pacientes passaram a graus um e dois, podendo depois ser tratados com esteroides”, acrescentou.
Os quatro jovens envolvidos na investigação são, também, os criadores da Cell2B, uma empresa de biotecnologia que se encontra à espera de investidores para poder levar o projeto adiante e disponibilizar o tratamento. “O projeto empresarial nasce porque para comercializar este produto é exigido um ensaio clínico”, contou David Braga, outro dos elementos da equipa, ao jornal.
Ensaio clínico exige financiamento de oito milhões de euros
Se o ensaio clínico for realizado e os resultados demonstrarem benefícios para os pacientes, a Cell2B adquirirá autorização por parte da European Medicins Agency (EMA) para comercializar esta terapia celular no espaço europeu e poderá solicitá-la futuramente para alargar a venda aos EUA.
Porém, o ensaio constitui uma enorme despesa, pelo que a empresa necessita de alguém disposto a financiá-lo. No total, são necessários oito milhões de euros. “Em troca vendemos uma percentagem da empresa. Quando esta tiver receitas ou for vendida, o valor é dividido pelos acionistas”, frisou uma das sócias, Daniela Couto, licenciada em Engenharia Biomédica pela Universidade do Minho.
Por enquanto, os investigadores continuam à espera de apoios mas reforçam a importância do projeto da Cell2B. Segundo Daniela, “a terapia permitiria “poupar cerca de 50 mil euros ao Sistema Nacional de Saúde por paciente, o que significa uma redução de quase um terço do custo total do tratamento”.
Além disso, estudos iniciais indicam que o tratamento poderia vir a ser utilizado com outras finalidades, como na doença de Crohn ou em infeções hospitalares. “No total, estimamos que cerca de quatro milhões de doentes por ano sejam afetados por condições a que nós podemos responder”, concluiu.
Caso a empresa consiga o financiamento ainda em 2012, prevê-se que o ensaio clínico termine três anos depois, com quase duas centenas de doentes testados, o que poderia abrir o caminho à comercialização.
[Notícia sugerida por Maria Manuela Mendes]