Depois de um ano de protestos, os "lesados do BES" estão mais perto de receberem uma compensação pelas perdas que sofreram com a má gestão que levou, em 2014, ao resgate do banco.
Depois de um ano de protestos, os “lesados do BES” estão mais perto de receberem uma compensação pelas perdas que sofreram com a má gestão que levou, em 2014, ao resgate do banco. O memorando de entendimento entre as várias partes, na busca de uma solução, foi assinado esta quarta-feira.
O Memorando de entendimento para um “diálogo com os clientes proprietários de papel comercial do Grupo Espírito Santo” foi assinado em Lisboa com a presença do primeiro-ministro António Costa.
O documento confirma o acordo alcançado entre o Banco de Portugal, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (bolsa), o Banco Espírito Santo e a Associação de Defesa dos Clientes Bancários Lesados, Investidores em Papel Comercial (AIEPC) para encontrar “a melhor solução para todas as partes envolvidas”, lê-se numa nota do Gabinete do primeiro-ministro.
Minorar as perdas
De acordo com a nota do Governo, “vão ser exploradas todas as possibilidades de encontrar eventuais soluções para minorar as perdas económicas e financeiras dos investidores”.
Através deste memorando, os “Lesados do BES” manifestam “vontade, em articulação com o Governo, de colaborar e participar neste processo de diálogo e fica também estabelecido que o Banco de Portugal, a CMVM, o BES aceitaram, correspondendo à iniciativa e ao convite do Governo, participar neste procedimento de diálogo”, diz ainda ao documento.
As partes envolvidas aceitam este memorando de forma voluntária, diz o documento do Governo de Portugal, e deverão encontrar “soluções consensuais até ao início do próximo mês de Maio”.
Depois das denuncias relacionadas com a má gestão do Banco Espírito Santo, uma auditoria da Deloitte, realizada em Maio de 2015, avançou que terá havido uma “gestão ruinosa” no banco “em detrimento dos depositantes, investidores e demais credores”.
Também foi dado como certo que a administração do BES liderada por Ricardo Salgado “desobedeceu ao Banco de Portugal 21 vezes, entre Dezembro de 2013 e Julho de 2014”, praticando “atos dolosos de gestão ruinosa”.
De acordo com o site oficial dos lesados, mais de 5.000 clientes compraram, em 2013, papel comercial do BES – um “produto tóxico” – convencidos que estavam a fazer depósitos a prazo. Muitos destes portugueses, clientes de longa data do BES, investiram nesse papel as poupanças de toda a vida.