Os cientistas (especialistas em psicologia, literatura inglesa e ciência) pediram a 30 voluntários para formarem um grupo de leitura onde, durante um período de 12 meses, seriam lidos alguns clássicos da literatura. No final da investigação, concluiu-se que, devido à linguagem usada nos livros, os leitores desenvolveram um maior sentido crítico e tinham mais momentos de auto-reflexão.
Para chegarem a estes resultados, os investigadores usaram 'scanners', para avaliar o cérebro dos voluntários e registar o modo como as diferentes áreas cerebrais eram ativadas quando os participantes liam livros clássicos na sua versão original ou uma versão simplificada do mesmo livro.
Os leitores que leram os clássicos na sua versão original surpreenderam-se com palavras desconhecidas, uma estrutura frásica mais complexa ou expressões novas. Como consequência, foram mais estimulados durante a leitura.
O mesmo estudo descobriu que também a poesia tem um papel importante para quem lê, ao estimular a atividade no hemisfério direito, uma área que abarca o pensamento simbólico e a criatividade. A poesia ajudou os leitores a refletir e analisar a sua própria experiência e os seus sentimentos de uma forma mais eficaz daquela que é sugerida, por exemplo, nos livros de auto-ajuda.
Ao jornal britânico Daily Mail, Philip Davis, professor que integrou o estudo, afirma que a “literatura (sobretudo os autores mais complexos como os clássicos) atua como um ‘motor’ no cérebro”. Com este estudo, salienta, é possível ver “o poder da literatura para criar novos caminhos, novos pensamentos e conexões”.
No estudo que a equipa de Philip Davis publicou, em 2012, no Journal of Medical Humanities – e que enviou ao Boas Notícias – o especialista explica que a literatura que motiva um maior conhecimento e uma auto-reflexão mais eficaz é a literatura e os livros de poesia de “qualidade”, não sendo este resultado um exclusivo da literatura clássica.
É preciso, contudo, fazer uma distinção entre a literatura dita de “cordel” ou os livros de auto-ajuda, que apenas repetem e reforçam “clichés”, e a literatura mais complexa que de facto tem influência no modo como o nosso cérebro funciona e reage.
Clique AQUI para aceder a uma versão preliminar deste estudo, datada de 2010, e que foi enviada ao Boas Notícias pelo investigador Philip Davis.
[Notícia sugerida por Maria Manuela Mendes]