Tratando-se de um relato autobiográfico de Eugene O’Neill, que viu a sua infância influenciada pela adição da mãe às drogas e pela carreira de ator do pai, Longa Jornada para a Noite (1956) é um drama de quatro atos, tendo valido ao autor um dos vários prémios Pulitzer que recebeu. A ação da peça desenrola-se num único dia, que começa por volta das 8h30 da manhã e se prolonga até à meia noite, em agosto de 1912. O espaço, a casa à beira-mar dos Tyrone em Connecticut, corresponde à casa da sua família, a villa Monte Cristo.
Jardim Zoológico de Cristal (1944) é também uma peça autobiográfica, desta vez focada na vida de Tennessee Williams. O enredo retrata o principal objetivo de vida de Amanda: conseguir um casamento para a sua filha Laura. O drama reside no facto da jovem sofrer de um defeito nas pernas o que, não só é um impedimento para o tão desejado e necessário casamento, como a leva a refugiar-se numa coleção de animais de cristal. Tom, o alter ego do autor, é também filho de Amanda e vê-se convencido pela mãe a levar um colega de trabalho a jantar em sua casa, com o intuito de o tornar futuro marido da sua irmã. Poeta e com a responsabilidade de sustentar a família, Tom trabalha numa sapataria, acabando por encontrar no álcool um abrigo.
Por fim, dentro das tragédias domésticas, destaque ainda para Morte de um Caixeiro Viajante (1949) de Arthur Miller. A peça tem como tema central o sonho americano, contudo uma versão fracassada do mesmo. Willy Loman, a personagem central, é um caixeiro viajante que enfrenta um drama profissional e familiar que acaba por ditar a sua morte. Notoriamente cansado pelas contantes viagens a que se submete, Willy sente-se também frustrado com a visão pouco promissora do futuro do filho Biff que, apesar de ter demonstrado apetências enquanto atleta, falhou o acesso à faculdade. Ambos acabam por tomar atitudes que se revelam um fracasso e ditam uma ainda maior brecha no contexto familiar: Willy pede ao patrão um trabalho na cidade e acaba despedido; Biff arrisca ao propor um negócio, conseguindo apenas uma resposta negativa.
Outros dramas, marionetas e dramaturgia portuguesa
Em outubro, as Leituras no Mosteiro mantêm o foco na família com dramas de autores como Henrik Ibsen, August Strindberg e Anton Tchekhov. Sob o tema da temporada, o quadrimestre integra a leitura de 11 peças, contando ainda com um momento de destaque, a pensar nos mais pequenos: no dia 28 de outubro, o TNSJ promove uma sessão extra focada na peça Óscar, de João Paulo Seara Cardoso, um espetáculo de referência na história do Teatro de Marionetas do Porto, que se espera que envolva toda a família. Esta sessão extra terá lugar sábado, às 15h00.
Já em dezembro, as Leituras no Mosteiro dedicam a já habitual sessão aos dramaturgos portugueses contemporâneos, encerrando o ano de 2017 com a língua de Camões. A iniciativa – coordenada por Nuno Cardoso e Paula Braga – acontece todas as terceiras terças-feiras de cada mês. O Centro de Documentação do TNSJ foi fundado no ano 2000. O espaço integra um Arquivo, um núcleo essencial para os investigadores dos campos cénicos e para a preservação de documentos como registos vídeos de espetáculos, textos de teatro, dossiês fotográficos ou materiais promocionais das peças do TNSJ. Localizado no Mosteiro de São Bento da Vitória, contempla ainda uma Biblioteca considerada a melhor em Portugal no que toca às artes performativas. Disponibiliza gratuitamente a consulta de cinco mil livros, além de compilar vídeos, filmes e documentários sobre teatro e dança, óperas dirigidas por encenadores relevante, e ficheiros de teatro radiofónico. O Centro de Documentação está aberto ao público de segunda a sexta-feira, entre as 14h30 e as 18h00.