Ler, escrever, fazer palavras cruzadas ou desenvolver outro tipo de atividades que envolvam o processamento de nova informação e o raciocínio protege o cérebro e ajuda a preservar a memória e a capacidade intelectual ao longo da vida.
Ler, escrever, fazer palavras cruzadas ou desenvolver outro tipo de atividades que envolvam o processamento de nova informação e o raciocínio protege o cérebro e ajuda a preservar a memória e a capacidade intelectual ao longo da vida.
A conclusão é de um novo estudo norte-americano, da responsabilidade de investigadores do Rush University Medical Center, em Chicago, que provou que o facto de se ser ativo ao nível da cognição em qualquer fase da vida está diretamente associado a uma melhor performance em testes de memória quando se chega aos 80 anos.
Robert Wilson, coordenador do estudo, e os seus colegas, iniciaram a investigação em 1997, pedindo a mais de 1.600 adultos em idade avançada que reportassem o quão regularmente tinham ido à biblioteca, escrito cartas e procurado informações quer quando eram crianças e adolescentes, quer já depois de chegarem à idade adulta.
Todos os anos, os participantes foram também convidados a realizar um teste de raciocínio e memória, sendo o progresso acompanhado pelos cientistas. O estudo incluiu ainda 294 indivíduos que morreram com cerca de 89 anos e foram submetidos a uma autópsia ao cérebro para se apurar se tinham existido mudanças ao nível da cognição.
Destes 294 indivíduos, que fizeram, em média, seis testes cognitivos durante o estudo, 102 desenvolveram demência e 51 desenvolveram outro tipo de problemas afetando a capacidade intelectual.
Os investigadores mediram, numa escala de 1 a 5 (sendo 1 a menor e 5 a maior frequência), com que frequência os participantes estiveram envolvidos em atividades estimulantes para a cognição. Em média, o resultado foi de 3,2 para atividade cognitiva numa fase avançada da vida e 3,1 nas primeiras décadas de existência.
Estimulação intelectual desacelera declínio cognitivo
Segundo Wilson, a capacidade cognitiva, o pensamento e a memória degradaram-se 48% mais depressa nos indivíduos que não tinham hábitos regulares que passassem, por exemplo, por ler ou escrever. Entre os mais ativos a nível cerebral, este declínio foi 32% mais lento.
Além disso, a capacidade cognitiva deteriorou-se 42% mais rapidamente nos participantes que raramente leram ou escreveram nos primeiros anos de vida e 32% mais devagar quando estas eram atividades que levavam a cabo com regularidade.
Robert Wilson explica que o estudo, publicado na passada quarta-feira na revista científica Neurology, não prova que ser ativo mentalmente afaste o declínio cognitivo, mas “aproxima-nos dessa ideia”.
“Acreditamos que um estilo de vida ativo ao nível da capacidade intelectual é bom para a capacidade cognitiva e para a saúde do cérebro durante o envelhecimento”, acrescenta, em declarações à Reuters, sublinhando que atividades como a leitura, a fotografia ou a costura são boas opções.
De acordo com o investigador, manter-se ativo intelectualmente não deve, porém, ser um sacrifício, e o tipo de atividade realizada é pouco importante: o importante é que o cérebro não pare.
É, portanto, recomendável que a escolha recaia sobre uma atividade estimulante e desafiante que os indivíduos apreciem e possam continuar a fazer ao longo da vida.
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês).