Uma microrreserva da Quercus criada há dois anos em Leiria para salvar da extinção a "Leuzea longifolia", uma planta da família das margaridas, única no mundo, que apenas existe em Portugal, contribuiu já para a propagação da espécie.
Uma microrreserva da Quercus criada há dois anos em Leiria para salvar da extinção a “Leuzea longifolia”, uma planta da família das margaridas, única no mundo, que apenas existe em Portugal, contribuiu já, com sucesso, para a propagação da espécie.
A novidade foi avançada à Lusa por um dos dirigentes da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, Paulo Lucas. “Temos ideia de que ela se está a propagar, vemo-la em mais locais do que aqueles onde estava”, congratula-se o responsável da associação ambientalista.
Segundo Paulo Lucas, estima-se que existam cerca de 150 exemplares desta espécie na microrreserva, um terreno de um hectare onde está confinada a planta e que se insere numa área mais ampla de 136 hectares classificada como Síto de Importância Comunitára da Rede Natura 2000 Azabucho, na localidade com o mesmo nome.
O dirigente da Quercus explica que a “Leuzea longifolia” é uma espécie “muito importante” e apenas existente em Portugal, podendo ser encontrada em dois outros núcleos além de Leiria: Loures e Ota.
“É uma espécie muito vulnerável, porque está dependente de uma série de condições de solo e de clima que não ocorrem em todas as partes do país”, esclarece Paulo Lucas, acrescentando que, de acordo com o que se sabe, “não se reproduz de uma forma fácil” e “não gosta da competição das outras”, o que justifica o seu caráter raro e a necessidade de manutenção destes requisitos para garantir a sua sobrevivência no futuro.
O Azabucho foi o local designado para proteger a planta, já que, acredita Paulo Lucas, “seria muito mau para todos nós, como cidadãos europeus, que se extinguisse uma importante população e deixássemos de ter um sítio” criado para este efeito.
Para o dirigente, a criação desta microrreserva na freguesia de Pousos, a meia dúzia de quilómetros da cidade de Leiria, num terreno onde havia a intenção de converter um pinhal em eucaliptal e de grande apetência urbanística, foi um “final feliz”, tendo permitido evitar a destruição da espécie.
“Conseguimos, juntamente com o proprietário, com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, com o município de Leiria e com a Junta de Freguesia dos Pousos resolver este problema, adquirindo o terreno”, esclarece Paulo Lucas.
Uma vez que esta é uma planta que também se propaga no subsolo, o conhecimento precso do número de exemplares se torna “bastante complicado”, pelo que o espaço será aberto a investigadores de modo a tornar possível a realização de “mais estudos” sobre a espécie.
Além disso, a Quercus vai encetar “um processo de gestão deste espaço para maximizar a ocorrência” da “Leuzea longifolia”, estando previstos, entre outros trabalhos, ensaios ” para tentar saber se a roça dos matos pode influenciar, por diminuir a competição com outras espécies, a propagação.