“Eles sabem que Lisboa passou por um terramoto e um tsunami e recuperou. Ao ver essa recuperação, podem sonhar e ter esperança”, disse à Lusa a professora Akemi Idogawa.
A visita, organizada por uma japonesa que vive há 30 anos em Portugal, envolve jovens, com idades entre os 12 e os 15 anos, que viveram de perto o sismo, o tsunami e o acidente nuclear de há um ano no nordeste do Japão.
“Estas crianças foram muito afetadas, muitas perderam os pais, não podem regressar a casa e têm muito medo da contaminação nuclear”, disse a professora.
O silêncio de Sana Fukushima quando recorda o dia do sismo, a 11 de Março de 2011, confirma as palavras da professora. A jovem de 15 anos diz pouco sobre a tragédia: “Custou-lhe muito ver a família e os amigos a sofrer, ela também sofreu muito”, conta Keiko Umeda, que acompanhou os jovens e lhes serviu de intérprete.
“Lisboa recuperou e eles também têm de recuperar”
Sobre Lisboa, Sana aprendeu ainda antes de partir que a cidade renasceu de um sismo seguido de tsunami com características semelhantes ao de Fukushima e isso dá-lhe “esperança”.
No entanto, Fukushima tem o perigo acrescentado associado ao nuclear, que é também referido pela organizadora da visita, Shihoko Yamasuga: “Lisboa recuperou e eles também têm de recuperar o mais depressa possível, mas há o problema da contaminação. O sismo e o tsunami podem ver-se, mas a radiação não”.
A visita dos 24 jovens e dos professores que os acompanham decorre até 4 de Abril e inclui museus, monumentos e até ao estádio do Sporting. Inclui ainda uma receção na embaixada, onde deverão «almoçar e dançar» com jovens portugueses, e uma cortesia ao Presidente da República, em Belém.
Questionada sobre as primeiras impressões após a chegada dos jovens cuja viagem organizou e pagou quase exclusivamente, Shihoko, de 70 anos, abriu um sorriso: “Já vi a cara deles e estão contentes. Eu também fico contente”.
Escusando-se a revelar quanto gastou do seu bolso neste projeto pessoal, Shihoko admitiu que o mais difícil foi a organização e «até à última hora houve dificuldades e mudanças de planos».
Ainda assim, não se arrepende: “Dar dinheiro é mais fácil, mas não deixa recordações”.
[Notícia sugerida por Alexandra Luís, Patrícia André e Patrícia Carapinha]