Pablo foi o primeiro a submeter-se a este tipo de intervenção pioneira. Entretanto, outros 300 doentes paraplégicos ou com deficiência mental congénita ou adquirida foram tratados através do mesmo método.
“Injetamos hormonas de crescimento na área subcutânea do braço, que induzem a produção de células-mãe e regeneram os tecidos danificados”, descreve Jesús Devesa, pai de Pablo e diretor do Centro de Reabilitação Foltra, ao Diário de Notícias, assegurando uma taxa de sucesso na ordem dos 90%.
“Cada caso é um caso e a dose a aplicar depende da doença, da idade e do progresso do paciente”, indica Jesús Devesa, acrescentando: “Nas crianças, o processo de recuperação é mais rápido, pois a neuroplasticidade promove uma proliferação mais célere das células”.
Pablo tinha 22 anos quando foi vítima do acidente que o deixou com um traumatismo cranioencefálico e uma hemiplegia – uma paralisia das funções de um lado do corpo. Os médicos acreditavam que o jovem não recuperaria do estado vegetal.
“O traumatismo comprometeu o lado esquerdo do meu cérebro. Quando acordei, os médicos não me davam muitas esperanças de recuperação. Não conseguia falar, comer ou andar”, lembra o jovem espanhol ao Diário de Notícias.
Nos meses seguintes, Pablo recebeu diariamente uma dose de hormonas de crescimento (produzidas industrialmente a partir de engenharia genética) em ciclos de 15 dias, em conjunto com um plano intensivo de fisioterapia. A sua recuperação fez-se em oito meses: “Fiquei curado, sem sequelas. A recuperação foi a 100%. Hoje levo uma vida completamente normal, como qualquer jovem. Jogo futebol, bebo um copo com amigos”, refere Pablo Devesa.
Hoje, com 29 anos, completa o seu primeiro ano como investigador no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra e encontra-se a terminar a tese de doutoramento. A base de investigação é o seu próprio caso e as implicações das hormonas de crescimento no processo de neuroregeneração.
Questionados pelo Diário de Notícias acerca deste tratamento inovador por via da aplicação de hormonas de crescimento, os médicos portugueses dividem-se: uns mostram-se otimistas, outros levantam dúvidas quanto às suas implicações éticas e de segurança.