Foi em Janeiro de 2008 que Jonny Benjamin decidiu saltar da Ponte de Waterloo, em Londres, e pôr fim ao sofrimento em que a sua vida o tinha mergulhado. O suicídio teria sido o seu destino não fosse a amabilidade de um estranho.
Foi em Janeiro de 2008 que o britânico Jonny Benjamin, à data com 20 anos, decidiu saltar da Ponte de Waterloo, em Londres, e pôr fim ao sofrimento em que a sua vida o tinha mergulhado. O suicídio teria sido o seu destino não fosse a amabilidade de um estranho, que conseguiu convencer Jonny a repensar a decisão. Agora, seis anos depois, o jovem lançou a campanha #findMike para procurar o homem desconhecido que lhe salvou a vida.
“Não tenho a certeza se Mike é mesmo o nome dele. Não me lembro de muito sobre ele, infelizmente, porque estava desesperado. (…) Mas, se ele vir esta campanha, quero que ele saiba que, agora, a minha vida é maravilhosa, e tudo se deve ao que ele fez por mim”, confessou o jovem, hoje ativista premiado pelo respeito pelas doenças mentais, numa crónica publicada a semana passada no Huffington Post.
Naquela manhã “amargamente cinzenta”, Jonny subiu até à beira da ponte e estava “pronto para saltar”. “Tudo aquilo de que me lembro é de um sentimento de total desespero. Não sei durante quanto tempo ali estive, mas a certa altura ouvi a voz de um homem atrás de mim dizer: por favor, amigo, não faças isso”, recordou no artigo que escreveu para o portal de notícias norte-americano.
“Primeiro, ignorei-o e tentei não falar com ele, mas ele continuou: vamos tomar um café, eu e tu, podemos falar sobre isto”. A “gentileza extraordinária” de um desconhecido genuinamente interessado em ajudar, de forma “persistente, mas calma”, acabou por fazer mudar algo dentro de Jonny.
“'Tu consegues ultrapassar isto, eu sei que consegues. Não tens de fazer isto.' Foram essas a palavras que me fizeram virar-me e olhar para a cara dele. Ele era só uns anos mais velho do que eu e parecia estar a caminho do trabalho”, relembrou o britânico.
“Nunca ninguém me tinha dito que as coisas iam melhorar. Era uma mensagem de esperança tão simples e aos poucos, à medida que ele a repetia, começou a infiltrar-se no caos que era a minha mente. De repente, deixei de me sentir sozinho.”
Ainda na ponte, Jonny, que nada tinha dito à família ou amigos por ter “vergonha” dos seus “sentimentos e pensamentos suicidas”, disse “àquele homem, que nunca tinha visto”, mas que tentou estabelecer com ele uma ligação “sem julgamentos” e “oferecer-lhe um retrato de esperança”, como se sentia, tendo, do outro lado, um ouvinte atento.
“Ele parecia compreender de certa forma o que se passava na minha mente. A oferta do café começou a soar mais e mais tentadora e eu acabei por concordar ir com ele”. Porém, ao descer da beira da ponte, deparou-se com um carro da polícia e uma ambulância, que o levou até ao hospital. “Foi a última vez que o vi, infelizmente”.
Quebrar o estigma da esquizofrenia
Jonny veio a ser diagnosticado com esquizofrenia e a “recuperação foi muito gradual”, mas as palavras de incentivo daquele homem – “Mike”, como o decidiu batizar, embora sem certezas – nunca deixaram de ecoar dentro da sua cabeça. “Aprendi a lidar com a minha doença. Às vezes é difícil mas, depois de muitos anos, consigo finalmente falar abertamente sobre o assunto”, admitiu.
O britânico tornou-se embaixador da associação Rethink Mental Illness, publica regularmente vídeos sobre o problema (vistos por centenas de milhares de pessoas de todo o mundo) e é agora ele que tenta “dar esperança aos outros”, tal como aquele estranho lhe deu esperança numa triste manhã de Inverno.
“Nunca tive a oportunidade de agradecer ao bom samaritano na ponte. Em última instância, ele mudou a minha vida. Pela primeira vez, comecei a olhar a minha doença de forma diferente e acreditei que podia ultrapassá-la”, realçou.
Na tentativa de conseguir uma hipótese para dizer obrigado ao seu “salvador”, Jonny lançou, esta semana, a campanha #findMike nas redes sociais. “Mesmo que não seja bem-sucedida, espero que chame a atenção para o problema do suicídio e também quero ajudar a apagar o estigma associado à esquizofrenia e mostrar às pessoas que é possível ultrapassar qualquer adversidade”, concluiu.
Clique AQUI para aceder à página oficial da campanha (em inglês).
Notícia sugerida por Maria da Luz