É português, tem 26 anos e vai ser co-curador do pavilhão da Ásia Central na edição do próximo ano da Bienal de Veneza, exposição mundial de arte realizada em Itália que, há mais de um século, se assume como uma das mais prestigiadas do mundo.
É português, tem 26 anos e vai ser co-curador do pavilhão da Ásia Central na edição do próximo ano da Bienal de Veneza, exposição mundial de arte realizada em Itália que, há mais de um século, se assume como uma das mais prestigiadas do mundo. Tiago Bom, a trabalhar em parceria com o colega Ayatgali Tuleubek, viu o seu projeto selecionado por um painel de peritos internacionais e irá agora pôr mãos à obra para enfrentar este “grande desafio”.
por CATARINA FERREIRA
Licenciado em Escultura pela Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, Tiago Bom encontra-se, atualmente, a estudar no Programa de Mestrado da Academia Nacional das Artes de Oslo, na Noruega. Ao terem conhecimento de um concurso, aberto a qualquer pessoa, que pedia propostas de curadoria para o Pavilhão da Ásia Central no evento italiano, Tiago e Ayatgali, de 26 anos e natural do Cazaquistão, tentaram a sua sorte e acabaram por ser os selecionados entre um total de 24 participações.
“As instituições não governamentais envolvidas no processo de seleção lançaram uma 'open call' nos meios de comunicação com maior foco na Internet, nomeadamente em plataformas especializadas na divulgação de notícias do meio artístico”, abrindo caminho à candidatura, recorda o português em entrevista ao Boas Notícias.
Sob o conceito “Winter” (Inverno, em português), o projeto de ambos para o pavilhão daquela região, que engloba Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão, inspirou-se no poema com o mesmo nome de um pensador cazaque, Abay Qunanbayuli, nascido no século XIX e que deixou uma profunda herança cultural na Ásia Central.
De acordo com as responsáveis pela escolha, o trabalho dos dois jovens foi selecionado “unanimemente” pela comissão de especialistas, fazendo deles aquela que é, “possivelmente, a dupla de curadores mais jovens da história da Bienal de Veneza”.
Aliás, segundo Tiago, a idade terá sido um dos fatores fundamentais para a seleção. “Não posso afirmar com certeza quais terão sido os motivos, mas acredito que a nossa dedicação, a direção social e política do projeto e a nossa idade tenham contribuído para o processo”, confessa. Porém, não foram as únicas justificações: no entender dos peritos, explica o comunicado que divulgou os seus nomes, “a abertura e a maturidade intelectual e emocional” dos co-curadores foram aspetos determinantes.
Projeto desdobra-se em exposição e programa de atividades
Entre Abril e Agosto, mês em que a seleção oficial foi concluída, os dois colegas trabalharam na orientação teórica, prática e financeira do projeto “que é constituído pela exposição em Veneza (de Junho a Novembro de 2013) e por dois períodos de um programa paralelo de atividades para ser implementado em Oslo [cidade cuja academia, que Tiago frequenta, é parceira do projeto] e nos países da Ásia Central”, desvenda o português.
O conteúdo do programa está neste momento a ser desenvolvido, mas Tiago avança que será “constituído por palestras e projeções de filmes sobre assuntos de relevância para o presente contexto sócio-político da Ásia Central”.
Entretanto, a dupla de curadores lançou também uma 'open call' para artistas, convidando-os a apresentar as suas propostas, e viajará depois aos países contemplados para entrevistar aqueles que julguem ter “potencial para trabalhar mediante a orientação [de ambos] no que diz respeito à curadoria”, refere.
“Visto que as tarefas são repartidas igualmente pelos dois, posso adiantar que o restante tempo vai ser dedicado a acompanhar os artistas e propostas juntamente com o desenvolvimento da exposição, a elaboração do catálogo e o programa paralelo em questão”, conta ainda o jovem, que o ano passado co-organizou também o Open Forum da Academia de Artes de Oslo, ao Boas Notícias.
Co-curadoria poderá representar “novas oportunidades”
Apesar do “grande desafio” e da “grande responsabilidade” que tem pela frente ao preparar-se para “desenvolver um projeto desta magnitude, no contexto de uma das maiores instituições de arte contemporânea”, Tiago garante sentir-se “à altura” das funções que terá de desempenhar.
“Estou, obviamente, contente pelo facto de ter sido escolhido. Fazer o pavilhão da Ásia Central é também aliciante para mim porque não se carateriza só pela promoção nacional. Devido ao seu contexto histórico e político temos um espaço para a produção que tem uma orientação interessante”, aponta.
Depois de terminada a Bienal, com data marcada para 2013, Tiago regressará à Academia Nacional das Artes de Oslo. “Devido à carga horária e às responsabilidades que tenho, tirei um ano para me dedicar somente a este projeto. Para o ano reiniciarei os estudos, no segundo e último ano de Mestrado”, assegura.
Entretanto, o papel de co-curador “poderá representar novas oportunidades de trabalho no futuro”, além de constituir-se como “um passo importante” na sua “prática artística, conclui o jovem.
Clique AQUI para visitar o site oficial do pavilhão da Ásia Central na Bienal de Veneza (em inglês) que, por agora, serve apenas para questões relacionadas com a 'open call' para artistas e para a divulgação de comunicados de imprensa, mas que a partir de Dezembro estará totalmente funcional.
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