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João Pina: “Um judoca tem de saber sofrer”

João Pina conseguiu em abril o melhor resultado da sua carreira, enquanto sénior, ao sagrar-se, aos 28 anos, campeão da Europa na categoria de -73 kg. Conquistou também, em junho, a medalha de ouro na Taça do Mundo que decorreu em Lisboa.

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João Pina conseguiu em abril o melhor resultado da sua carreira como sénior, ao sagrar-se, aos 28 anos, campeão da Europa na categoria de -73 kg. Conquistou também, em junho, a medalha de ouro na Taça do Mundo que decorreu em Lisboa.

Mas o principal desafio do ano do judoca português ainda está para vir. Em setembro, Pina vai estar no Campeonato do Mundo de Judo que este ano decorre no Japão, a terra mãe da modalidade, uma competição fundamental para o apuramento dos Jogos Olímpicos de 2012.

O atleta, que este ano assinou pelo Sporting, explica ao Boas Notícias que precisa de “muito trabalho” e “capacidade de sofrimento” para se preparar. Entre a família, o segundo filho que vem a caminho, o curso de fisioterapia, e um projeto que está a desenvolver com jovens de Chelas, o judoca empenha-se em encontrar o equilíbrio necessário para continuar a conquistar medalhas.

Quando começaste a praticar judo?

Comecei com quatro anos. Eu andava no Colégio Moderno e era uma das modalidades que havia na escola. Quer dizer, na realidade era judo ou ballet por isso não havia grandes dúvidas quanto ao que ia escolher. [risos]

Quando percebeste que podias ser um judoca de competição?

Quando tinha 15 anos venci um campeonato importante cá em Portugal e depois fui convocado para umas provas no estrangeiro e a partir desse momento comecei a encarar os treinos e o judo de outra maneira.

Os resultados das grandes provas internacionais de 2008 ficaram um pouco aquém das expectativas. Mas este ano já conquistaste o titulo de campeão europeu e uma medalha de ouro na Taça do Mundo. O que mudou?

É verdade que nos Jogos Olímpicos os resultados não foram bons mas tive alguns bons resultados para me poder apurar. Embora, de facto, tanto nos Jogos Olímpicos como no campeonato da Europa as coisas não tenham corrido bem. Sim, sinto que evolui, estou mais sereno e mais tranquilo. Isso permite-me trabalhar melhor e reflete-se muito na parte física e tática



A passagem para o Sporting influenciou essa mudança?

Foi uma mudança grande e importante, porque tinha os mesmos treinadores e o mesmo grupo de trabalho desde os 4 anos. Não foi fácil desligar-me deles mas ao mesmo tempo fui muito bem recebido aqui. Estou a trabalhar muito e pelos vistos está a dar frutos.

Nuno Delgado disse uma vez que és um atleta capaz de tudo mas que vives os jogos com muita emoção… concordas com isso?

Sim concordo, continua a ser verdade. Mas acho que consigo controlar melhor a parte emocional e isso tem ajudado, estou mais maduro. Se calhar quando era mais novo não pensava tanto e fiz algumas asneiras. É importante aprender a identificar os erros para os ultrapassar.

É importante o apoio dos fãs?

É sem dúvida. Apesar de no judo não se sentir tanto esse peso como no futebol, é importante. Mas os meus maiores fãs são os meus amigos, a minha família e o apoio deles é fundamental.

Qual vai ser o próximo grande desafio?

O Campeonato do Mundo, em setembro, e os Jogos Olímpicos [Londres, 2012]. O meu objetivo é ganhar medalhas nessas provas.

O facto deste ano o campeonato do mundo decorrer no Japão, o país onde nasceu o judo, tem algum peso?

Para mim o  facto de ser no Japão não acrescenta pressão. É uma coisa positiva porque têm sempre uma organização espetacular e o pavilhão está sempre cheio de adeptos, é muito giro. Mas este ano o campeonato tem uma particularidade porque podem entrar dois atletas por peso por pais, o que vai aumentar bastante o número de atletas e o nível competitivo. Vai ser uma prova muito dura e vou ter que me preparar muito bem nos próximos dois meses.

Sei que vão estagiar no Japão e que vão treinar com judocas locais…

Sim, vamos 15 dias antes para nos adaptarmos ao fuso horário e ao clima. E como lá, o judo é uma modalidade obrigatória nas escolas, há muito bons judocas locais, principalmente nas faculdades, por isso até ao campeonato vamos treinar com judocas japoneses.

Como ocupas os tempos livres?


Gosto muito de desportos de praia e ao ar livre… Sempre que posso faço surf ou BTT, mas na realidade não me sobra muito tempo livre.

Estás envolvido num projeto da área social, em Chelas, como está a correr?

Sim, foi um projeto que iniciei há dois anos em conjunto com a associação Tempo de Mudar, em Chelas. Dou aulas a crianças dos 4 aos 16 anos da zona de Chelas que nunca tinham feito judo e este ano já começaram a entrar em algumas competições. E é um projeto que eu quero que cresça ainda mais, é muito gratificante.

Estás também a tirar o curso de fisioterapia, na Escola Superior de Saúde de Lisboa, tencionas ser fisioterapeuta?

Sim, fisioterapeuta e treinador. Estou a gostar muito do curso mas precisava de mais tempo para estudar. Entre a família, o judo, os amigos e os outros projetos não sobra muito tempo.

Que conselhos dás a quem quer ser judoca de alta competição?

Tem de ter muita capacidade de trabalho, de sofrimento. É uma modalidade em que é preciso saber sofrer fisicamente porque custa, exige esforço. É também preciso encontrar um equilibro entre a disciplina e a vida pessoal. E depois, definir objetivos e trabalhar bastante para os alcançar. Mas sobretudo é preciso gostar do que se está a fazer. Eu tenho um prazer enorme em fazer judo. Há treinos que custam, mas eu tenho a sorte de gostar muito de judo.

P.M

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