Por Patrícia Maia
A Quinta da Porta, fundada há quase 500 anos, tem permanecido na mesma família de geração em geração. Mas os seus campos e pomares estavam subaproveitados, muitos deles com exploração concessionada.
O atual proprietário, José Castelo Branco, quis mudar o cenário do negócio. “Há cerca de 10 anos decidimos apostar na renovação dos pomares e transformar uma atividade que era residual, a produção de fruta, na nossa atividade principal”, explica ao Boas Notícias.
Cerejas e pêssegos são a grande aposta na atual gestão da Quinta da Porta. Hoje em dia, aquela terra produz 400 toneladas por ano de pêssego e cerca de 50 toneladas de cerejas, sendo que já foram plantados novos pomares para, este ano, aumentar a produção de cereja. A quinta tem também apostado na recuperação da “raríssima cereja amarela, uma espécie autóctone que já existia no terreno e que tem vindo a ser enxertada para aumentar a produção”.
A qualidade da fruta desta proriedade rural chamou a atenção da Compal que compra parte da produção de pêssegos, e da empresa Cerfundão, que embala e comercializa cerejas da região.
Cerejas e pêssegos frescos em 24 horas
José Castelo Branco tem também apostado na diversificação dos serviços. A quinta inaugurou recentemente as entregas porta-a-porta que garantem fruta fresca em qualquer zona do país e num prazo de 24 horas a “preços competitivos” – os pêssegos são vendidos a cerca de 1,8 euros o quilo e as cerejas a 7 euros (valores que incluem as taxas de entrega).
“Queremos assim oferecer às pessoas da cidade este prazer tão característico do campo de ter em casa fruta vinda diretamente dos pomares”, explica o empresário ao Boas Notícias.
A aposta mostrou ser acertada. A quinta tem prosperado e emprega já cinco funcionários permanentes, sendo que vários trabalhadores são contratados para as colheitas da Primavera e do Verão.
Satisfeito com o rumo da produção da quinta, José identificou um problema: “A agricultura obriga-nos a trabalhar durante o ano inteiro mas só dá rendimento quando a fruta fica madura”. Para compensar estes meses de defeso, o proprietário decidiu “pegar nos ingredientes da quinta e criar um novo produto”.
Sabão de azeite com cheirinho a campo
Assim nasceram os sabões de azeite que seguem as técnicas tradicionais da saboaria europeia. “A base de gordura é o azeite do nosso olival que compõe 90 por cento dos sabões e à qual é adicionada um reagente”, explica, acrescentando que, além de ser natural, o “azeite é muito hidratante”.
A esta base, acrescentam-se outros ingredientes da quinta: mel, alfazema, rosa, alecrim, laranja e até cereja do Fundão. “Para produzirmos este último sabão congelámos algumas cerejas já que nesta altura as árvores ainda não têm frutos”, conta o proprietário.
“O único ingrediente de fora da quinta que adicionamos a alguns sabões são os óleos essenciais, para acentuar o cheiro, mas mesmo esses óleos são biológicos”, garante José Castelo Branco.
Os sabões 100% naturais desta propriedade no Vale dos Prazeres já estão a fazer a delícia de dezenas de clientes: “Só começámos a vender ao público há duas semanas mas a receção superou as nossas expectativas e até já fomos contactados por clientes do Brasil interessados em encomendar”.
Nesta altura não é possível encomendar cerejas nem pêssegos, que só serão colhidos a partir de Abril e Julho, respetivamente, mas os sabões estão disponíveis todo o ano e estão à venda a partir dos 2,75 euros. Se quiser ter um cheirinho da Beira-Baixa em sua casa, basta consultar a loja online da Quinta da Porta.