por Patrícia Maia
No próximo dia 14 de agosto, quem visitar Fornos de Algodres, mais concretamente a Vila Soeiro do Chão, terá oportunidade de participar no Festival da Cerveja Artesanal de Urtiga e experimentar, na primeira pessoa, o sabor de uma cerveja com sabor a “ervas daninhas”.
O grão-mestre Manuel Paraíso explica ao Boas Notícias que muitos dos produtos alimentares já são marca registada. Embora ainda só se encontrem à venda em lojas locais é possível adquirir qualquer um destes artigos, por encomenda, através do email da confraria (confrariadaurtiga@gmail.com).
A médio-longo prazo, o objetivo é criar uma nova “indústria local”, garante Manuel Paraíso. “Queremos mesmo criar uma unidade de produção e de plantação porque a urtiga espontânea já não é suficiente para alimentar esta indústria, até porque há cada vez mais pessoas, durante o inverno, que se dedicam a apanha da urtiga”, explica.
Cuidados na apanha
Manuel Paraíso avisa que para “apanhar esta planta convém reconhecer bem a folha e as suas variedades”. É também obrigatória “a utilização de luvas por causa das ampolas de Sílica que irritam a pele, sendo que assim que entra na água quente a folha da urtiga deixa de picar porque as ampolas rebentam”.
A confraria nasceu em 2009 na sequência das Jornadas Etnobotânicas que a autarquia de Fornos de Algodres organiza há 11 anos. “Uma dessas jornadas foi dedicada a plantas que já foram usadas como alimento mas que deixaram de ser consumidas”, explica o grão-mestre Manuel Paraíso, apontando o exemplo dos saramagos e das beldroegas, além da urtiga.
Devido à presença intensa da urtiga na Serra da Estrela, o grupo concentrou-se na promoção desta erva daninha, altamente nutritiva. Entretanto, a confraria estabeleceu contactos com outras entidades congéneres, sobretudo em França e na Bélgica, participando em encontros internacionais que inspiraram a criação destes novos produtos que, quem sabe, poderão chegar, em breve, às prateleiras do supermercado.