O objeto tem incorporado um emissor de ultrassons que envia um sinal que é refletido no solo. Dois receptores de ultrassons detetam o eco e medem o tempo entre a emissão e a recepção dos sinais. É através deste tempo que se consegue determinar qual é a distância ao solo, e quando esta ultrapassa um determinado valor, a bengala vibra.
O projeto foi desenvolvido no Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática, coordenado por José Vieira, como resposta a um desafio da Associação Promotora do Ensino dos Cegos, que tem como objetivo acabar com os acidentes que os invisuais sofrem anualmente, explica a Universidade de Aveiro num comunicado enviado ao Boas Notícias.
“A bengala desenvolvida na UA é, sem qualquer dúvida, uma grande ajuda para as pessoas com deficiência visual porque dá muito mais informação do que as bengalas existentes”, explica Victor Graça, presidente da APEC.
O grande objetivo desta bengala é reduzir “duas das principais necessidades de quem as utiliza: a deteção de buracos e desníveis no chão e a deteção de obstáculos ao nível da cabeça”, como conta o coordenador do projeto, que ainda contou com o apoio de Nuno Dias e Pedro Rosa.
Bengala terá um custo baixo
A bengala vem também equipada com luzes LED's que ajudam a sinalizar a presença do invisual durante a noite.
Os investigadores da UA esperam criar um produto acessível, com preços a rondar os 100 euros. De acordo com Victor Graça, uma bengala com funções semelhantes “são vendidas no nosso país por um valor que as pessoas com deficiência por norma não conseguem pagar de modo nenhum”.
A bengala será de baixo consumo, para que a duração das baterias seja prolongada ao máximo. “Numa primeira versão incluiu-se uma célula fotovoltaica para prolongar a duração das baterias”, acrescenta o presidente da APEC.
Contudo, este objeto, para já, só consegue detetar os objetos que estão colocados sobre o chão, aqueles que se encontram suspensos sobre a cabeça do utilizador ainda não são detetáveis pela bengala, mas a UA está a desenvolver técnicas que possiblitem este reconhecimento.
O teste final da bengala em contexto real está a ser feito por Jorge Anjos, invisual e funcionário da UA, que tem dado dicas para a melhoria do objeto, como a necessidade de torná-la articulada.
A equipa está ainda a desenvolver “uns óculos com sensores de ultrassons e um altifalante paramétrico para a deteção de obstáculos”, mas que ainda estão “num estado embrionário”.