O dispositivo, desenvolvido no âmbito de um projeto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), assume-se como uma ferramenta de diagnóstico simples, robusta e de baixo custo, mas com um enorme impacto nos serviços de saúde a nível mundial. Ao avaliar a progressão da doença, classificando o seu grau de severidade e estimando a sua dureza, o dispositivo constitui uma fonte de informação crucial para uma mais acertada decisão clínica.
“Implodir um prédio sem danificar o museu que o rodeia”
O dispositivo pretende revolucionar não só o diagnóstico da catarata, mas também as complicações no pós-operatório, que podem, graças à tecnologia, ser minimizadas. O conhecimento da dureza da catarata permite a seleção adequada da energia a utilizar na cirurgia, contribuindo para a precisão indispensável à operação. Miguel Caixinha, investigador do projeto, indica que “é necessário substituir o cristalino por uma nova lente intraocular, sem danificar a sua cápsula posterior e a córnea, nem causar lesões na retina”. “É como ter de implodir um prédio sem danificar o museu que o rodeia”, acrescenta o responsável.
Das experiências realizadas in vitro em cristalinos de suíno ein vivo em olhos de rato, com diferentes tipos de cataratas, verificou-se uma taxa de sucesso de 99,7 por cento na caracterização automática e na estimação da sua dureza. A equipa está, agora, à procura de parceiros para comercialização do dispositivo.
Recorde-se que a catarata é uma doença ocular associada, essencialmente, ao envelhecimento e caracteriza-se pelo desenvolvimento de opacidade do cristalino do olho, podendo provocar a perda de visão. A Organização Mundial de Saúde estima que, em 2020, a doença vai afetar 40 milhões de pessoas em todo o mundo.