Investigar e inovar em saúde parece, assim, ter à partida todas as condições para se tornar numa área interessante para qualquer sociedade ou governo.
No mundo global em que vivemos, os resultados da investigação seguem geralmente duas vias: resultam em produtos e serviços que são rapidamente transformados e transferidos para a área do negócio, pois as sociedades exigem níveis cada vez mais elevados de rendimento para manterem níveis de bem-estar elevados que adquiriram na segunda metade do século XX, como é o caso de muitos países da Europa do norte, ou para a eles acederem, como é o caso de alguns países da Ásia.
A vantagem competitiva de sociedades mais saudáveis é de há muito conhecida, se bem que discutível enquanto motivo primeiro da procura de mais saúde. Mas também o estado mais elevado de saúde, decorrente de uma sociedade mais competitiva tem sido acolhido. Quando assim é, a investigação e a inovação tornam-se imprescindíveis quer num cenário quer no outro.
No sector da saúde, a investigação como forma e processo de obter vantagens competitivas na área do negócio tem sido cada vez mais prevalente em muitas sociedades. Tomando como base os resultados dos sistemas de investigação científica financiados pelo estado, ou por organizações que procuram a sua expansão e o lucro, a investigação traz á sociedade novos produtos, geralmente farmacêuticos, capazes de curar, prevenir, ou controlar a doença. Menos frequente tem sido a investigação que resulta em respostas que promovam a saúde com que todos os indivíduos geralmente nascem, ou a saúde com que todos vivem a sua esperança de vida.
A inovação e a investigação em que se baseia fazem hoje parte de sistemas que nos países mais desenvolvidos estão interligadas. A investigação destina-se, assim, a responder a objectivos de desenvolvimento e prosperidade daquela sociedade, ainda que muitas vezes centrados no comércio e de produtos, bens e serviços que têm como alvos outras populações e outras sociedades.
O Instituto Ricardo Jorge, no seguimento das suas atividades de investigação, como Laboratório de Estado da saúde tem o desígnio explícito de prosseguir objetivos da política científica e tecnológica adotada pelo Governo, mediante a prossecução de atividades de investigação científica e desenvolvimento tecnológico e, bem assim, apoiar o Governo sobre a definição dos programas e instrumentos da política científica e tecnológica nacional.
Na concepção do Instituto Ricardo Jorge, a agenda de Investigação em Saúde deve contemplar quatro dimensões distintas: identificação das necessidades de investigação, definição das prioridades nacionais, diagnóstico das capacidades instaladas ou a desenvolver e mobilização de fontes de financiamento.
Quanto às necessidades de investigação e tipos de I&D – áreas tradicionais de investigação tais como a investigação epidemiológica, etiopatogénica, clínica (incluindo a avaliação de tecnologias de saúde), em serviços de saúde (hospitalares e comunitários) e economia da saúde.
Sobre os problemas de saúde e minimização de riscos – de acordo com o Plano Nacional de Saúde, são considerados problemas prioritários as doenças cardiovasculares, as doenças oncológicas, as doenças infeciosas, em particular a infecção VIH/SIDA, a saúde mental, a diabetes, a prevenção e controlo do tabagismo, doenças respiratórias, promoção da alimentação saudável.
Quanto a capacidades instaladas ou a desenvolver – infraestruturas físicas (incluindo as destinadas a experimentação animal), equipamento, recursos humanos (formação e recrutamento), acesso à literatura científica, a biobancos e outras coleções ou a infraestruturas de análise de dados, gestão de ciência e tecnologia, entre outras.
Quanto à mobilização de fontes de financiamento – tal exige a sua permanente inventariação e caraterização tanto a nível nacional como internacional, assim como claras definições de acesso às mesmas.
Daqui resulta que o desenvolvimento da investigação em saúde pública, nomea
damente, na promoção da saúde e na prevenção da doença, deve estar alinhado com as prioridades do Plano Nacional de Saúde e orientar-se no sentido de gerar evidência para a tomada de decisão em políticas e estratégias de saúde.
Só assim podemos contribuir para a obtenção de ganhos em saúde e para reforçar as funções essenciais do Instituto Ricardo Jorge, consolidando a sua posição-chave no desenvolvimento e implementação das políticas de saúde em Portugal.
A tomada de decisão racional só é possível se houver evidência sobre o que se realiza, o que se pode melhorar e o que deve ser corrigido.
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