Neste artigo vamos desenvolver um pouco melhor o conceito de inovação de produto.
De acordo com a OCDE, a inovação de produto consiste no desenvolvimento e implementação de novos produtos ou de mudanças e melhoramentos em produtos já existentes e a sua introdução no mercado. Estas alterações vão ter repercussões nas características do produto, como a sua usabilidade ou nas funções que desempenham. As mudanças resultam muitas vezes de evoluções tecnológicas, como a introdução ou combinação de novos materiais, componentes ou softwares, mas também de melhorias em outras áreas como, por exemplo, as interfaces de plataformas digitais.
Neste contexto, um “produto” pode referir-se tanto a um bem como a um serviço. No caso dos serviços, as inovações podem resultar em melhoramentos na forma como estes são oferecidos (eficiência na resolução de problemas ou velocidade de resposta de um serviço de assistência pós-venda), na adição de novas funções aos serviços já existentes (aumento da gama de serviços disponíveis nos terminais multibanco) ou na introdução de serviços totalmente novos (os primeiros sites agregadores de descontos ou as primeiras lavandarias self-service)1.
A sobrevivência e desenvolvimento das empresas em ambiente competitivo e em constante mudança têm na inovação de produto uma das suas mais importantes “armas”. Na realidade, são múltiplos os exemplos de empresas que, através do desenvolvimento de novos produtos e do melhoramento daqueles já existentes nos seus portefólios, conseguiram uma vantagem competitiva sobre as suas concorrentes que lhes permitiu assumir posições de liderança de com crescimento de vendas e conquista de quota2. Assim, e apesar de alguns estudos indicarem que mais de 40% dos novos produtos comercializados não têm sucesso3, a inovação de produto está no top 3 das prioridades estratégicas em 71% das empresas americanas e 70% delas consideram que os produtos novos são “importantes” ou “muito importantes” para o seu futuro4. Inclusivamente, durante a recessão dos últimos anos, e apesar da quebra nos lucros, as grandes empresas inovadoras aumentaram os seus gastos em I&D, obtendo reação positiva nas cotações das ações.
A rápida evolução tecnológica e a constante pressão para inovar de novas formas tornam cada vez mais relevante que os empresários, investigadores e políticos encarem a inovação, nomeadamente a de produto, como uma questão estratégica. Nesse sentido é fundamental que existam condições nas empresas para o desenvolvimento de produtos e que sejam estimuladas as redes de colaboração entre diversos stakeholders (empresas, produtores de conhecimento e mercado) que têm um impacto distintamente positivo na inovação de produto5.
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1 – OCDE (2005). Manual de Oslo: Diretrizes para a Recolha e Interpretação de Dados sobre a Inovação. Paris: OCDE;
2 – Wolff, J.A., Pett, T. L. (2006). Small-Firm Performance: Modeling the Role of Product and Process Improvements. Journal of Small Business Management 44(2): pp. 268–284;
3 – Barczak, G., Griffin, A., Kahn, K. (2009). Perspective: Trends and drivers of success in NPD practices: Results of the 2003 PDMA Best Practices Study. Journal of Product Innovation Management 26 (1): 3–23;
4 – Andrew, J., Manget, J., Michael, D., Taylor, A., Zablit. H. (2010). Innovation 2010. BCG report (http://www.bcg.com/documents/file42620.pdf);
5 – Nieto, M. J., Santamaría, L. (2007). The importance of diverse collaborative networks for the novelty of product innovation. Technovation 27: 367–377.
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