A solução para a eliminação das células cancerígenas pode passar pelo sal. Um grupo internacional de investigadores acaba desenvolver uma molécula que provoca a sua autodestruição através da "injeção" nas mesmas de sódio e de iões de cloreto.
A solução para a eliminação das células cancerígenas pode passar pelo sal. Um grupo internacional de investigadores acaba de anunciar o desenvolvimento de uma molécula que provoca a autodestruição das células doentes através da “injeção” nas mesmas de sódio e de iões de cloreto.
Embora não seja a primeira vez que os cientistas criam transportadores sintéticos de iões, nunca antes tinha sido possível demonstrar que o influxo de sal é capaz de provocar a morte das células cancerígenas.
O avanço, da responsabilidade de especialistas das universidades de Southampton, no Reino Unido, do Texas, nos EUA, e de Yonsei, na Coreia do Sul, bem como do norte-americano Austin's College of Natural Sciences, poderá conduzir à criação de novos fármacos contra o cancro e beneficiar, também, doentes que sofram de fibrose cística.
“Descobrimos que podemos provocar a morte das células com sal”, explica Philip Gale, coautor do estudo publicado, esta semana, na revista científica Nature Chemistry, acrescentando que este trabalho “mostra que os transportadores de cloreto trabalham a par do sódio nas membranas celulares” para obter os resultados pretendidos.
Uma das formas utilizadas para a destruição das células é a indução da sua morte através de alterações no equilíbrio de iões. Porém, quando estão em causa células cancerígenas, estas são capazes de alterar o modo como transportam os iões, bloqueando o processo de apoptose – ou seja, prevenindo-se contra o seu próprio “suicídio”.
Molécula tem ainda de ser aperfeiçoada
Agora, a equipa internacional conseguiu desenvolver uma molécula através do envolvimento dos iões de cloreto num “cobertor” orgânico que permite que este se dissolva na membrana celular, composta, maioritariamente, de gordura e que atraia, ao mesmo tempo, iões de sódio, desativando o mecanismo protetor das células.
Injae Shin, da Universidade de Yonsei, e os seus colegas, provaram, posteriormente, que esta molécula promove a morte celular em culturas de células cancerígenas humanas e que as concentrações de iões nas células doentes se modificam no momento em que é desencadeada a sua autodestruição.
No entanto, os cientistas alertam que a molécula sintética criada provoca tanto a morte de células doentes, como de células saudáveis. Para ser útil no tratamento do cancro, esta terá ainda de ser aperfeiçoada de modo a atuar, somente, sobre as células cancerígenas.
Clique AQUI para aceder ao estudo (em inglês).
Notícia sugerida por António Resende