Foi em Dezembro de 2008 que tudo aconteceu. Na altura Francisco Silva fumava dois maços de tabaco por dia. O brasileiro sentiu uma forte dor no peito e foi a mulher que chamou a ambulância onde o homem viria a sofrer a primeira das 70 paragens cardíacas. Francisco confessa à Folha de São Paulo que, depois do primeiro desmaio, não se lembra de nada do que aconteceu.
Foi, por isso, a sua mulher que fez o relato explicando que os médicos estavam com pouca esperança de ver o seu marido sobreviver, embora nunca tenham desistido de o reanimar com massagens, choques no peito e medicamentos, ao longo de quase 12 horas.
Depois de ter o coração estabilizado, Francisco ainda foi submetido a uma cirurgia cardíaca, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, após a qual sofreu uma embolia pulmonar e uma infeção generalizada que o deixou 15 dias em coma.
Nessa altura os médicos garantiram à esposa do eletricista, Fidélia, que se o marido sobrevivesse iria ficar com grave sequelas. Mas o milagre aconteceu: Francisco voltou para casa intacto tanto a nível físico como mental: recordava-se até dos códigos do multibanco.
A história de Francisco Silva impressionou a enfermeira Daniela Morais que terminou, recentemente, uma pesquisa sobre paragens cardiorrespiratórias assistidas pelos serviços de emergência, entre 2008 e 2010, para a sua tese de doutoramento. “A maioria faleceu nas primeiras 24 horas. A história do Francisco é a mais incrível”, conta a enfermeira citada pelo jornal de São Paulo.
Para a família Silva, a explicação para esta impressionante historia de sobrevivência está na sorte e na religião, já que são muito devotos. No entanto, os médicos consideram que este “milagre” se deve sobretudo à boa condição física do paciente (apesar do tabagismo) e ao facto de ter recebido uma assitência de alta qualidade.
Por fim, os próprios médicos admitem um último ingrediente, uma terceira razão para o que aconteceu: “A terceira é a sorte. Sem dúvida, esse é um homem de sorte”, diz um dos médicos que avaliou a tese de Daniela. Após o enfarte, Francisco Silva deixou de fumar e começou a praticar exercício físico.
[Notícia sugerida por Vítor Fernandes]