Manuel Henrique Pereira, professor da Universidade Católica do Porto (UCP), coordenador do projeto Revisitar/Redescobrir Guerra Junqueiro quer “devolver o prestígio e popularidade que teve o poeta autor de obras tão emblemáticas como “A Velhice do Padre Eterno”.
Em declarações à agência Lusa, Henrique Manuel Pereira referiu ainda que está a ser realizado um documentário com 55 minutos que faz um retrato das múltiplas facetas de Guerra Junqueiro, com imagens de arquivo. O documentário deverá ser transmitido num canal generalista da televisão portuguesa, de acordo com o autor.
O trabalho precisava de uma banda sonora “não só para tapar o silêncio, mas que fosse uma outra forma de o protagonista se dizer”, acrescentou. Assim, foram seleccionadas músicas com poesia de Guerra Junqueiro, num total de duas horas e meia, em linguagens sonoras de áreas tão distintas como hip hop, jazz, bossa nova ou eletrónica, incluindo o tema musical mais conhecido da lírica de Junqueiro: “A Moleirinha”.
Os 40 temas reunidos estão disponíveis em CD integrados no projecto que, além de “A Música de Junqueiro” e a “Viagem de Junqueiro” (documentário), inclui ainda uma fotobiografia, e a publicação de 500 páginas com entrevistas “À volta de Junqueiro”.
O retrato de Junqueiro é ainda composto por documentos com éditos, inéditos e entrevistas a mais de 50 personalidades, entre as quais Eduardo Lourenço, o bispo D. Manuel Clemente, Mário Soares, Manoel de Oliveira e Helena da Rocha Pereira.
Todo o trabalho realizado está a ser divulgado na internet, no site Descobrir Guerra Junqueiro onde é possível também conhecer obras do poeta transmontano como “A Velhice do Padre Eterno”, “Os simples”, “Pátria” ou “A Morte de D. João”.
“Agora o trabalho será dado a conhecer aos alunos das escolas onde Junqueiro deixou marcas, com particular incidência na sua terra natal”, disse à Agência Lusa José Santos, presidente da câmara de Freixo de Espada à Cinta. O autarca avançou que a obra de Junqueiro “A Lágrima” vai ser reeditada, em data a indicar, em espanhol, francês e italiano, além de português.
“Poeta, filósofo, cientista, político, agricultor e até viticultor duriense, Guerra Junqueiro foi uma voz respeitada da República e deixou uma obra literária apreciada pelos seus pares do século XIX, como Eça de Queiroz ou Fernando Pessoa” conclui Manuel Henrique Pereira.