Um grupo de investigadores norte-americanos acaba de descobrir uma hormona, a adrenomedulina, que desempenha um papel crucial na prevenção da pré-eclâmpsia e que é segregada pelo feto como forma de proteger a mãe na gravidez.
Um grupo de investigadores norte-americanos acaba de descobrir uma hormona, a adrenomedulina, que desempenha um papel crucial na prevenção da pré-eclâmpsia, uma complicação associada à gravidez que pode levar a episódios graves como o descolamento da placenta. O que mais surpreendeu os especialistas foi, no entanto, o facto de esta hormona, que protege as grávidas durante os períodos mais críticos, ser produzida pelo feto.
“Descobrimos que o bebé tem uma missão muito importante no que diz respeito à proteção da mãe contra a pré-eclâmpsia. Se as células do bebé não segregarem esta hormona, os vasos sanguíneos da mãe não se dilatam tanto quanto devem”, explica Kathleen M. Caron, da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, uma das investigadoras envolvidas no estudo.
A pré-eclâmpsia afeta cerca de uma em cada 15 grávidas e carateriza-se, entre outros aspetos, pelo facto de impedir os vasos sanguíneos da placenta de se dilatarem, dificultando o fluxo de sangue até ao feto e, consequentemente, podendo colocar em risco a vida da mãe e do bebé.
“Não sabemos se uma mulher grávida vai ter este problema até que ele se manifeste”, explica Caron, acrescentando que, por esse motivo, “identificar moléculas que possam prevenir a pré-eclâmpsia seria um avanço muito importante”.
Os investigadores estudaram ratinhos geneticamente modificados para produzir níveis reduzidos ou elevados de adrenomedulina e o trabalho revelou que, numa gravidez normal, o feto segrega esta hormona ao longo do segundo trimestre, “alertando” células especiais que ajudam a dilatar os vasos sanguíneos da mãe.
Primeira mensagem conhecida do feto para a mãe
De acordo com a equipa, este é o primeiro estudo a identificar a existência de uma mensagem química importante enviada do feto para a mãe dentro do útero. Até ao momento, os cientistas sabem mais sobre a “conversa química” que existe entre mãe e bebé do lado da progenitora, mas muita da “comunicação hormonal” na placenta continua a ser desconhecida.
Kathleen Caron salienta que a identificação do papel da adrenomedulina poderá levar a novos métodos para deteção e prevenção da pré-eclâmpsia: os níveis desta hormona poderão, por exemplo, passar a ser utilizados como biomarcador ou como um indicador precoce que identifique as pacientes com maior predisposição para o problema.
“Conseguir usar esta hormona como biomarcador seria fantástico. Poderia permitir ao médico 'gerir' o estado de saúde da mulher de uma forma diferente na fase inicial da gravidez”, aponta a investigadora.
O próximo passo dos cientistas, que publicaram os resultados na edição mais recente do Journal of Clinical Investigation, será conduzir estudos mais aprofundados para examinar os padrões da adrenomedulina associados com a incidência de pré-eclâmpsia em grávidas.
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