O jovem abutre (Neophron percnopterus) foi encontrado em outubro do ano passado, na zona de Portalegre e chegou ao CERVAS – Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens cinco dias depois. A ave apresentava queimaduras extensas nas duas asas.
Segundo informação divulgada pelo CERVAS, “o processo de recuperação passou pelo tratamento das lesões numa fase inicial, e posteriormente fisioterapia, para melhorar a mobilidade e articulação da zona do pulso”.
O abutre esteve em contacto com outros animais, foi-lhe dada uma alimentação adequada à espécie, e realizou também treinos de voo.
Este animal foi devolvido à natureza na Reserva Biológica da Faia Brava, local que apresenta características ideais para os requisitos da espécie.
O “Zé”, como foi batizado, recuperou a cem por cento, segundo disse Ricardo Brandão ao jornal Público, o que é muito importante já que, dentro de mês e meio a ave deverá migrar até África.
O abutre do Egito é o mais pequeno dos abutres de Portugal e uma das primeiras aves migradoras a chegar ao nosso país, onde fica entre finais de fevereiro ou princípios de março até setembro ou inícios de outubro.
Segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, esta é uma espécie rara e em declínio continuado, ameaçada pelo uso ilegal de iscos envenenados, a falta de disponibilidade de alimento, a perturbação humana em zonas de nidificação durante os períodos mais sensíveis (época de reprodução), a colisão e eletrocussão em linhas aéreas de distribuição e transporte de energia, o abate a tiro e a degradação dos habitats pela construção de infraestruturas como barragens, parques eólicos ou estradas.