Durante 1962 e 2006, os glaciares do Alasca perderam cerca de 42 quilómetros cúbicos (42 mil milhões de metros cúbicos) de água por ano, escrevem os autores de um estudo publicado na edição de Janeiro da revista científica “Nature Geoscience”. Esta situação contribuiu para a subida do nível dos mares à razão de 0,12 milímetros por ano e não 0,17 milímetros, “ou seja, 34 por cento menos do que estava estimado”, salientou Etienne Berthier, da Universidade de Toulouse, França.
O que falhou nas previsões avançadas? Estes cientistas dizem que os estudos anteriores não levaram em conta o papel dos detritos que cobrem os glaciares, perto dos vales. Assim protegidos do Sol, os gelos derretem mais devagar.
Além disso, acrescentam, as imagens fornecidas pelos satélites Spot5 e Aster permitiram obter uma “melhor resolução espacial”, ou seja, dados mais precisos.
“Ao longo dos últimos 50 anos, o recuo dos glaciares e das calotas glaciares contribuiu para um aumento dos níveis do mar em 0,5 milímetros por ano”, escrevem os autores. Os glaciares do Alasca deveriam ter contribuído com um terço disso, ou seja, 0,17 milímetros por ano, de acordo com trabalhos publicados em 2002 pela Universidade do Alasca.
Apesar de tudo, os cientistas da Universidade de Toulouse não põem em causa a “aceleração espectacular” da redução da massa dos glaciares, desde 1990.
Em todo o planeta, os glaciares de montanha cobrem uma superfície de 500 mil a 600 mil quilómetros quadrados, ou seja, menos que as calotas glaciares da Gronelândia (1,6 milhões de quilómetros quadrados) ou da Antárctica (12,3 milhões de quilómetros quadrados).
ONU admite erro sobre degelo nos Himalaias
Também a ONU admitiu, dia 21 de Janeiro, que ao contrário do que tinha anunciado, os glaciares dos Himalaias não estão a derreter mais rapidamente do que em qualquer outro lugar do mundo e não vão desaparecer até 2035. Essa inforamção estava mal fundamentada cientificamente, admitiu o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
A informação que tinha sido avançada num relatório «refere-se a estimativas com poucas comprovações sobre a taxa de degelo e a data do desaparecimento dos glaciares himalaios», disse o IPCC. «Ao escrevermos o parágrafo em questão, os padrões claros e bem estabelecidos de evidências, exigidos pelos procedimentos do IPCC, não foram aplicados correctamente.»
As afirmações sobre os glaciares, parte do volumoso relatório do grupo que venceu o Prémio Nobel em 2007 juntamente com o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore, eram pouco conhecidas até o jornal The Sunday Times dizer que a projecção parecia ser baseada numa matéria jornalística.