Nina Ananiashvili é diretora artística da companhia State Ballet of Georgia, de Tbilisi, que tem ajudado a reerguer. Mas, com 47 anos, é também Prima Ballerina. Ainda em fevereiro deste ano, teve a seu cargo as interpretações a solo dos dois espetácu
[Foto: Lado Vachnadze] Nina Ananiashvili é diretora artística da companhia State Ballet of Georgia, de Tbilisi, que tem ajudado a reerguer. Mas, com 47 anos, é também prima ballerina. Ainda em fevereiro deste ano, teve a seu cargo as interpretações a solo dos dois espetáculos apresentados pela companhia numa digressão pelo Japão. Nina está em forma e os críticos adoram-na; a sua idade não é barreira ao sucesso.
Antes do ballet, Nina dedicou-se à patinagem artística quando ainda era uma criança e a Geórgia pertencia à União Soviética. Foi em Moscovo que a sua carreira começou.
Em 1981, com apenas 18 anos, Nina partia em digressão mundial como solista nos espetáculos produzidos pela companhia moscovita Bolshoi. Não só era um privilégio profissional, como também cívico; nessa época, poucos eram os soviéticos que tinham permissão para sair do país.
“Recordo-me da primeira vez que estive em Paris. As luzes eram belíssimas. Mas isso entristeceu-me, porque sabia que o meu povo nunca teria a oportunidade de as ver”, refere à CNN. “Nunca imaginei que, um dia, os nossos edifícios em Tbilisi viessem a ter as mesmas luzes”.
Após a queda do regime soviético, Nina Ananiashvili levou o seu talento a outras companhias de ballet mundiais e, em 2009, celebrou o 16º aniversário da sua colaboração como Prima Ballerina com a nova-iorquina American Ballet Theater.
Dançar pela re-edificação de um país
Em 2004, Mikheil Saakashvili, recém eleito presidente da Geórgia, propôs a Nina a tarefa de reconstruir a companhia de bailado estatal. O desfio foi enorme: “Toda a situação na Geórgia era muito complicada, não se restringia apenas ao ballet. Tudo estava destruído. Não havia eletricidade na cidade, nem dinheiro, nem salários”, explica a bailarina à CNN.
Atualmente, a renovação do edifício que acolhe a companhia está em curso. David Sakvarelidze, diretor geral da instituição, refere que todo o projeto está a ser financiado por apoios privados.
Os contactos que Nina Ananiashvili foi estabelecendo no meio internacional da dança granjearam-lhe também a possibilidade de expandir o repertório da companhia e de atrair a colaboração de muitos talentosos bailarinos internacionais.
Para Nina, esta é uma oportunidade para mostrar um outro lado mais positivo da Geórgia ao mundo: “Adoro poder mostrar a toda a gente que somos um país bonito, que temos um povo igualmente belo e que desenvolvemos o ballet e as artes clássicas. Recebemos com agrado qualquer pessoa que queira visitar o nosso país. E essa é a nossa mensagem para o mundo”.
E por quanto tempo mais estará esta prima ballerina em palco? “Não sei por quanto tempo mais vou ser capaz de dançar. Se não o fizer sistematicamente, é difícil e muito exigente”.