A Universidade de Coimbra liderou um grupo internacional de investigadores que conseguiu, pela primeira vez, aplicar em Marte métodos geológicos de datação morfológica de falhas utilizados, habitualmente, na Terra.
A Universidade de Coimbra liderou um grupo internacional de investigadores que conseguiu, pela primeira vez, aplicar em Marte métodos geológicos de datação morfológica de falhas utilizados, habitualmente, na Terra, com o objetivo de estimar as taxas de erosão do planeta vermelho.
Os resultados do trabalho, desenvolvidos por uma equipa de especialistas mundiais coordenada pelo investigador português David Vaz, do Centro de Geofísica da Universidade de Coimbra, acabam de ser publicados numa das mais importantes revistas das ciências planetárias, a “Earth and Planetary Science Letters”.
Em comunicado enviado ao Boas Notícias, a instituição de ensino universitário portuguesa explica que a aplicação, em Marte, das mesmas técnicas utilizadas na Terra, permitiu verificar que os movimentos das falhas tectónicas são muito maiores do que se pensava até agora, o que significa que a crosta marciana terá tido um grau de mobilidade muito maior do que era assumido, anteriormente, pela comunidade científica.
Movimentos das falhas tectónicas em Marte são muito maiores do que se pensava, revelou estudo coordenado por David Vaz
Além disso, as conclusões desta investigação internacional indicam também que, pelo menos nos últimos três mil milhões de anos, as condições atmosféricas na superfície de Marte terão sido “hiperáridas”, ou seja, com taxas de erosão mil vezes menores do que as existentes na Terra.
Para David Vaz, coordenador do estudo, estes resultados “são relevantes para compreender a histórica geológica de Marte e avaliar o grau de mobilidade da crosta deste enigmático planeta”.
“[As conclusões] permitem também verificar que Marte é cada vez mais um planeta deserto e inóspito”, acrescenta o investigador.
As técnicas foram aplicadas em duas regiões com diferentes idades, mas os cientistas pretendem, futuramente, estender o estudo a todo o planeta, o que possibilitará datar e compreender as mudanças climáticas que ocorreram ao longo da história geológica de Marte.
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês).