A Fundação Michael J. Fox, nos EUA, atribuiu a Carlos Palmeira e Rodrigo Cunha, ambos investigadores da Universidade de Coimbra (UC) e do Centro de Neurociências de Coimbra (CNC), um Rapid Response Innovation Award – bolsa que financia projetos altamente inovadores e que revelem grande potencial na compreensão ou tratamento da doença de Parkinson.
O financiamento concedido pela Fundação criada pelo ator Michael J. Fox vai permitir aos investigadores de Coimbra aprofundarem os seus estudos sobre a ação benéfica que a Berberina, uma substância natural alcaloide muito usada na medicina tradicional chinesa, poderá ter na prevenção e no tratamento de Parkinson.
Com vários estudos preliminares, desenvolvidos ao longo dos últimos cinco anos, Carlos Palmeira e Rodrigo Cunha obtiveram resultados promissores. Depois de perceberem o mecanismo do composto, isto é, como a berberina regula a função mitocondrial, nomeadamente na diabetes e na obesidade, os investigadores decidiram avaliar a ação do composto na doença de Parkinson, dado que a esta patologia está associado um défice energético nas células neuronais.
Melhoria do controlo dos movimentos e da memória
Dos vários testes realizados em modelos animais, a “administração de berberina revelou uma melhoria significativa no controlo dos movimentos, bem como na memória dos animais. No entanto, são ainda necessários estudos adicionais em linhas celulares para confirmar os resultados obtidos, no sentido de perceber, com o máximo rigor, os efeitos que a berberina tem nas células neuronais”, defende Carlos Palmeira.
Concretamente, realça o também docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC), “pretendemos atingir duas principais conclusões: por um lado, saber se e como a Berberina previne a doença de Parkinson (avaliação profilática) e, por outro, se a molécula tem capacidade de reverter a doença (tratamento), mas, para obter respostas é necessário descortinar o seu mecanismo de ação”.
Criada em 2000, a Michael J. Fox Foundation for Parkinson’s Research dedica-se à pesquisa da cura para a doença de Parkinson, através de uma agressiva política de financiamento à investigação. Possui “uma Comissão Científica muito exigente e rigorosa na seleção de projetos de investigação a apoiar”, admite o investigador da UC.