“O paradigma aqui presente altera a ideia funcionalista de isto serem povoados fortificados”, pois os habitantes de então “não construíam estas células para se defenderem, mas como uma fonte de referência identitária no território”, explica Vítor Oliveira Jorge, o arqueólogo responsável pela escavação, à agência Lusa.
O mesmo responsável, também presidente da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnografia, acredita que a mesma construção terá servido como “mercado, feira ou sítio de troca, de pessoas, de bens e informações, e de reforço dos laços sociais”, e não o povoado em si mesmo.
A fazer lembrar “a Torre de Babel”, esta colina monumentalizada encontrada em Foz Côa representa também o processo de constituição de identidade do povo que ali vivia. “Era uma população que começava a sentir a necessidade de viver um universo simbólico, numa narrativa colectiva”, afirma Vítor Oliveira Jorge, equiparando o processo à “necessidade que hoje temos em pertencer a agremiações e clubes”.
As escavações em Castanheira de Vento realizam-se desde 1998, numa cooperação da Universidade do Porto com outras universidades estrangeiras, e o Instituto Politécnico de Tomar, em parceria com a Associação Cultural Desportiva e Recreativa (ACDR) de Freixo de Numão.