Investigadores portugueses acreditam ter desvendado um mistério que durava há 350 anos: conseguiram explicar por que razão dois relógios de pêndulo colocados numa mesma parede acabam por entrar em sincronismo.
Investigadores portugueses acreditam ter desvendado um mistério que durava há 350 anos. Luís Melo e Henrique Oliveira, da Universidade de Lisboa, conseguiram explicar, pela primeira vez, por que razão dois relógios de pêndulo colocados numa mesma parede acabam por entrar em sincronismo.
Em 1665, quando recuperava, deitado na cama, de um pequeno problema de saúde, Christiaan Huygens, físico holandês que inventou o relógio de pêndulo, apercebeu-se de algo estranho: independentemente de como o seu movimento começasse, cerca de meia hora depois, os pêndulos acabavam sincronizados, oscilando, de forma exata, na direção oposta um do outro.
A justificação para este efeito – ao qual, contou o português Henrique Oliveira ao site internacional “Live Science”, Huygens chamou “um estranho tipo de simpatia” – permaneceu, porém, um mistério durante mais de três séculos, intrigando pensadores de todo o mundo.
Depois de ter sido descoberto que dois relógios pendurados numa mesma viga conseguiam influenciar-se mutuamente através de pequenas forças exercidas sobre a viga, os dois investigadores portugueses decidiram testar algo novo: o comportamento de dois relógios “pendurados na mesma parede”.
Conclusões podem ser importantes para a área da saúde
Henrique Oliveira e Luís Melo, físicos e docentes da Universidade de Lisboa, empenharam-se, então, em testar a possível interação de dois pêndulos através de uma parede imóvel. Os investigadores constataram que, à medida que um dos pêndulos balança, uma pequena quantidade de energia é enviada para o outro, resultando num desvio que ocorre em ambas as direções.
Esta energia “viaja” através da parede, de relógio para relógio, influenciando a forma como os pêndulos balançam e o seu movimento e conduzindo, eventualmente, ao aparecimento do sincronismo, explicou Henrique Oliveira ao “Live Science”.
Os cientistas, que testaram a ideia com dois relógios de pêndulo presos a um trilho de alumínio colocado numa parede, pretendem, agora, alargar o seu modelo de investigação com vista a explicar o comportamento de outro tipo de osciladores como os osciladores eletrónicos, usados para sincronizar a atividade dos 'microchips'.
Em comunicado, a Universidade de Lisboa destaca que “o modelo matemático formulado pelos docentes pode ter relevância para a explicação de acontecimentos aparentemente muito diferentes”, já que o fenómeno da sincronização dos pêndulos pode ser observado, também, entre células cardíacas ou entre os neurónios (o que leva, por exemplo, à epilepsia).
Clique AQUI para aceder ao estudo que dá conta das conclusões dos investigadores portugueses publicado, a semana passada, na revista científica Scientific Reports (em inglês).
Notícia sugerida por David Ferreira