E a comprovar essa situação estão os dados do INE a indicar que em 2014 realizaram-se 29666 sessões de espetáculos ao vivo, com um total de 10,7 milhões de espetadores. Na globalidade as receitas geraram 70,5 milhões de euros, contudo os concertos de música rock/pop são a modalidade mais representativa (42,5%), à qual assistiram 2,2 milhões de espetadores, gerando receitas de bilheteira no valor de 30 milhões de euros (mais 3,5 milhões de euros do que no ano anterior).
Álvaro Covões, fundador e diretor geral da Everything is New (EIN), empresa organizadora do NOS Alive, concorda que “esta tipologia de eventos atrai cada vez mais turistas. É um motivo para as pessoas virem, mas não vêm só ao festival. Vêm e ficam para conhecer a região e isso é fundamental. Acho que há um trabalho que tem sido feito e que deve continuar a ser feito com os promotores de grandes eventos para vender o destino. Esta tipologia de grandes eventos que atraem as pessoas – o futebol, os festivais e grandes concertos são fundamentais e faz todo o sentido as autarquias e o governo olharem com mais atenção porque é isto que atrai pessoas”.
José Barreiro, sócio da Ritmos, produtora de festivais como o NOS Primavera Sound e o Vodafone Paredes de Coura, também se mostra em absoluto acordo com a importância dos festivais de música para o turismo nacional, admitindo que “foi precisamente essa a ideia que nos fez pensar em trazer o Primavera Sound para o Porto. O potencial de atração turística que o festival em Barcelona já revelava, indiciava um sucesso semelhante se viesse para Portugal e, mais concretamente, para o Porto”.
Ambas as entidades reconhecem que há uma maior preocupação das entidades locais para que a vinda a um festival de música passe também por uma visita à cidade ou região onde decorre o evento. Álvaro Covões conta um episódio caricato – durante uma entrevista com uma jornalista de um media chinês, que veio numa funtrip da Associação de Turismo de Lisboa, a jornalista encontrou amigos chineses que tinham vindo de propósito ao festival. A presença internacional é tão relevante que a EIN “trouxe 45 jornalistas estrangeiros, fora os que vieram por conta própria. Mas a nossa preocupação é sempre vender o destino e já agora o festival. Aliás é muito interessante porque muitos chegam cá e ainda não sabem que cá se pode fazer surf, ir à praia. Ainda temos um trabalho muito grande de divulgação. No caso de Lisboa às vezes temos dificuldade em vender que é a única capital europeia com praia. Isso é um ativo fantástico, dá para fazermos muito!”.
No caso do NOS Primavera Sound, fazem viagens de imprensa com a Associação de Turismo do Porto “para que os jornalistas internacionais fiquem a conhecer melhor a cidade, mas no que respeita ao público em geral, ainda muito há a fazer”.
Além da política de relações públicas, em termos de divulgação e promoção dos festivais no estrangeiro, as estratégias, quer da EIN, quer da Ritmos são muito semelhantes. Álvaro Covões indica que direcionam uma “campanha para os três países-alvo e que são o top três de vendas: Reino Unido, Espanha e França. Fazemos publicidade nos meios de música, tanto em papel, como digital. Depois a nível internacional trabalhamos muito na publicidade digital, obviamente, que implica menos investimento, e também nas redes sociais que são cada vez mais importantes”. José Barreiro também admite fazerem uma “divulgação muito mais interativa, menos dispendiosa e muito fácil de contabilizar o seu impacto. A internet em geral e as redes sociais em particular, são os nossos canais preferenciais”.
Com 32 mil bilhetes vendidos no estrangeiro, duplicando o máximo de bilhetes vendidos lá fora em relação a 2015, a 10ª edição do NOS Alive, que decorreu de 7 a 9 de julho, esgotou os três dias, com presença de espetadores de 88 países diferentes. Além disso, o festival também obteve reconhecimento internacional com a CNN a considerá-lo um os dez melhores festivais do mundo e com o melhor cartaz do mundo inteiro dos festivais de 2016.
Por sua vez, o NOS Primavera Sound, que decorreu entre os dias 9 e 11 de junho, vendeu mais de 12.000 bilhetes no exterior, dos quais cerca de 90% foram passes para os três dias do festival. Na soma total dos dias, foram cerca de 35.000 os estrangeiros que estiveram no Parque da Cidade do Porto.
Com apenas cinco edições, na edição deste ano foram ultrapassados todos os números das edições anteriores: mais de 80 mil pessoas nos três dias de festival, 29 mil pessoas afluíram num só dia e o número de dormidas na Invicta também foi um recorde.
Dados positivos que fazem acreditar no enorme pode de tração que os festivais têm para impulsionar o turismo nacional.
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