Investigadores da Universidade de Brown, nos EUA, desenvolveram o primeiro ovário humano artificial que pode representar uma nova oportunidade de fertilidade para pacientes que devido a cancro e tratamentos agressivos, como radioterapia ou quimioterapia, tenham ficado inférteis.
“Um ovário é composto por três tipos principais de células, e esta é a primeira vez que alguém criou uma estrutura 3-D de tecido com a tripla linhagem”, diz Sandra Carson, professora de obstetrícia e ginecologia da universidade de Brown e do Women & Infants Hospital, em comunicado oficial.
A equipa de investigação já usou o órgão cultivado em laboratório para amadurecer óvulos humanos. Carson explica que a descoberta leva a importantes desenvolvimentos sobre como funcionam ovários normais, mas servem também como tubo de ensaio para ver como problemas relacionados com a exposição a químicos e toxinas perturbam a maturação e saúde do óvulo.
O objetivo passa por clinicamente proporcionar a pacientes que precisem de se submeter a tratamentos como quimio ou radioterapia, uma nova esperança para preservar a fertilidade. Os ovos imaturos podem ser recuperados e congelados antes do início da terapia, sendo posteriormente trabalhados em termos de maturação já no ovário artificial.
Para criar o ovário, investigadores formaram uma espécie de favo com células teca, uma de dois tipos de células chave nos ovários, doados por raparigas com idades entre os 25 e os 46 anos. Estas células teca cresceram com a forma de favo como previsto e foram-lhes inseridos células granulosas juntamente com óvulos humanos, conhecidos como oócitos. Em alguns dias as células da teca foram envoltas pela granulosa e os óvulos, imitando um ovário real.
A equipa quis saber se aquela estrutura poderia funcionar realmente como um ovário, amadurecendo os ovos. A estrutura demonstrou então ser capaz de nutrir os ovos a partir de folículos precoces até a maturidade plena. “Isso representa o primeiro sucesso na utilização da engenharia de tecidos 3-D para maturação de oócitos in vitro”, descreveram os autores do artigo.
“É tudo muito, muito novo”, explica Carson que concebeu de forma aparentemente funcional este órgão artificial.