Ações dirigidas a todas as faixas etárias, debates, lições, sessões de spoken word e de cinema, oficinas, espetáculos de teatro, exposições, poesia, conversas, performances, dança e apresentações rechearam os 17 dias da Feira do Livro do Porto com uma programação que conferiu ainda maior protagonismo ao livro e à literatura.
O resultado fica patente no registo de 285.000 visitantes, entre os quais o Presidente da República, número recorde que confirma ter sido acertada a aposta na estabilização da vertente comercial e no reforço das vertentes recreativa e cultural.
Depois das edições anteriores terem homenageado Vasco Graça-Moura, Agustina Bessa-Luís e Mário Cláudio, as iniciativas dedicadas neste ano a Sophia de Mello Breyner Andresen estiveram no centro das atenções e inscreveram-se entre as que mais público congregaram, tanto no programa educativo como no de animação. Desde logo, a cerimónia de atribuição de uma tília em que o descerramento da placa evocativa coube ao filho da poeta, Miguel Sousa Tavares, e o debate que se lhe seguiu, também em torno das palavras de Sophia.
Mas a restante programação foi igualmente do agrado do público e a Feira do Livro, que já no ano passado atraíra um recorde de 250.000 pessoas, voltou desta vez a ultrapassar as expectativas e atingiu o patamar dos 285.000 visitantes, assumindo assim um estatuto de particular relevo no panorama literário e cultural.
Crescimento de público e respeito pelos jardins
Ao mesmo tempo, foi cumprida uma das prioridades definidas: o equilíbrio entre a forte presença humana durante o evento e o respeito pelos Jardins do Palácio de Cristal, que a Câmara do Porto tem vindo a recuperar através de um investimento de 1,3 milhões de euros, incluindo a já terminada consolidação dos muros.
A propósito, é de salientar que o guia histórico-turístico de recente publicação municipal “Jardins do Palácio de Cristal”, da autoria das investigadoras e arquitetas paisagistas Teresa Portela Marques e Natália Bruno, foi um das publicações mais vendidas no pavilhão da Câmara do Porto, juntamente com “O Anjo de Timor”, “Postais Ciclo de Natal” e a edição do “Porto.”, livro que descreve e explica a nova identidade gráfica da cidade que tantos prémios acumulou já, a ponto de se tornar num case study internacional na área da comunicação.
No global, a quarta edição da Feira do Livro organizada diretamente pela Câmara do Porto envolveu um investimento de 100.000 euros e apresentou-se com duas novidades, uma das quais foi a montagem dos 130 pavilhões ao longo da Avenida das Tílias, mas sem irem além da Capela de Carlos Alberto, o que resultou num melhor ordenamento do espaço e melhor circulação do público. A outra correspondeu à preocupação do município em acolher o melhor possível os pedidos e sugestões dos expositores, neste caso dos alfarrabistas, cuja presença foi reorganizada no espaço entre a Concha Acústica e o Lago dos Cavalinhos, permitindo às duas dezenas de participantes deste setor exporem melhor as suas publicações e ao público ter uma melhor panorâmica e melhor acesso à oferta.
Com um total de expositores presentes superior à centena, destacando-se algumas estreias e outros regressos ao evento, a Feira do Livro 2017 sobressaiu também pela articulação entre os objetivos comerciais e a integração com outros eventos, conseguindo-se a estabilização da sua dimensão e a variedade da programação paralela com o objetivo de captar novos públicos.
Dimensão internacional
O sucesso da aposta na captação de novos públicos é confirmado pelo aumento da assistência nos oito debates programados desta vez por José Eduardo Agualusa, nas quatro sessões de spoken word e seis lições sobre escritores de língua portuguesa programadas por Anabela Mota Ribeiro (destacando-se a aula de Ana Luísa Amaral sobre Sophia), e ainda em seis sessões de cinema, sete sessões especiais (incluindo as que evocaram Agustina Bessa-Luís e António Nobre), uma de Quintas de Leitura também sobre a poesia de Sophia de Mello Breyner, duas de teatro e numerosos eventos realizados no Salão Independente.
O número global conheceu um incremento de quase 2.000 pessoas e atingiu as 7.296, para o que contribuíram sessões com temáticas de interesse como foram os casos das dedicadas a Raul Brandão, Carlos Drummond de Andrade, David Mourão-Ferreira e Óscar Lopes, bem como os eventos com a participação da autora coreana Han Kang, do francês Laurent Binet, dos brasileiros Tatiana Salem Levy e José Paulo Cavalcanti Filho ou do nigeriano-norte-americano Teju Cole.
Entre as personalidades do panorama cultural português que passaram neste ano pela Feira do Livro do Porto contam-se Frederico Lourenço, José Luís Peixoto, Dulce Maria Cardoso, Bruno Vieira Amaral, Djaimila Pereira de Almeida, Alexandra Lucas Coelho, Gonçalo M. Tavares, Carlos Mendes de Sousa, Carlos Reis, Clara Rowland, Fernando Pinto do Amaral, Maria João Reynaud, Mónica Baldaque, Isabel Pires de Lima, Ana Paula Coutinho, Paula Morão, José Luís Borges Coelho e José Pacheco Pereira.
Por seu lado, as 35 iniciativas incluídas no programa educativo, direcionadas para crianças e adultos, assinalaram um total de 1.416 participantes.
Acresce que também no capítulo das exposições patentes na Galeria Municipal, e relacionadas com a temática da poeta homenageada, houve um crescimento da procura por parte do público comparativamente às iniciativas correspondentes realizadas no ano passado: 12.668 pessoas visitaram a “Quatro Elementos” e 10.134 admiraram “O Anjo de Timor e outras histórias – ilustrações para Sophia”.
Refira-se que ambas as exposições não fecharam as portas com o encerramento da Feira do Livro e podem ser ainda visitadas, gratuitamente, até 12 de novembro.