Um médico britânico de 70 anos, que trabalhou como cirurgião durante quatro décadas, organizou até o seu velório mas acabou por salvar a própria vida ao administrar sozinho um fármaco que caiu em desuso devido a efeitos secundários penosos.
O médico Rami Seth, de 70 anos, soube que teria apenas algumas semanas de vida depois de lhe terem sido diagnosticados quatro tumores inoperáveis no fígado em 2005. O britânico, de 70 anos, que trabalhou como cirurgião durante quatro décadas, organizou até o seu velório mas acabou por salvar a própria vida ao administrar sozinho um fármaco que caiu em desuso devido a efeitos secundários penosos para os pacientes.
Em 2004, Seth tinha sido diagnosticado, pela primeira vez, com cancro num dos rins. O órgão acabou por ser removido mas, um ano mais tarde, a doença voltou e os médicos encontraram vários tumores malignos no fígado e um tumor de grandes dimensões numa veia do abdómen.
“Os tumores eram muito grandes e inacessíveis para os cirurgiões. Só havia um desfecho possível e quanto me disseram que eram inoperáveis percebi que o jogo tinha acabado”, confessou Seth em entrevista ao jornal The Telegraph.
Conformado com o seu destino e com o facto de ter poucas semanas para se despedir da família e dos amigos, decidiu organizar, em 2005, um “velório” – que descreveu com uma “festa” – para que estes pudessem reunir-se e dizer-lhe “as coisas boas que diriam no funeral” enquanto ainda havia tempo.
Foi nessa ocasião que um amigo e colega de longa data, Poulam Patel, lhe deu a sugestão que viria a salvar-lhe a vida: tentar um fármaco contra o cancro desenvolvido pela primeira vez nos anos 60, que apenas resulta num em cada cinco casos e que, devido aos efeitos secundários pesados, acabou por ser posto de parte nos tratamentos atuais.
“Pensei que não tinha nada a perder e decidi experimentar. O fármaco faz-nos sentir sonolentos, deprimidos e perder a consciência durante cerca de dois dias e, depois, temos de tomá-lo novamente. Tomei-o, senti-me muito mal mas resultou”, contou Seth.
Para surpresa de todos, depois de tomar o fármaco três vezes por semana ao longo de dez meses, os tumores ficaram envolvidos por uma camada forte de tecido que os isolou e os tornou possíveis de operar. Nessa altura, o britânico foi submetido a cirurgia em Leeds e a equipa médica conseguiu removê-los totalmente.
“O percurso da recuperação está a ser longo mas sinto-me um sortudo por estar aqui, por estar vivo, e desde que passei por isto que aproveito a vida ao máximo”, concluiu Seth.