O autor do artigo, Robin Denselow, começa por dizer que Ana Moura é “hoje uma das melhores cantoras de fado do mundo, seguindo os passos de Mariza assim como o seu sucesso global”.
O fado é definido pelo repórter como “uma espécie de blues português”, um canto em forma de lamento melancólico.
Entrevistada pelo jornalista, Ana Moura refere que na sua vida “as coisas simplesmente acontecem” e explica que foi quase por acidente que começou a cantar fado.
Referindo as raízes musicais no seio familiar, o jornalista conta como aos seis anos Ana Moura cantou um fado pela primeira vez em público, num casamento de família.
Mas antes da carreira no fado, Ana Moura conta a Robin Denselow que “deu por si a participar na gravação de um álbum de uma banda de rock que tocava com violinos”. Foi nessa altura que o produtor a questionou se a artista cantava fado e Ana Moura acabou por experimentar.
A artista portuguesa revela ao “The Guardian” que o caminho que seguiu foi uma conjugação de fatores que passou pela visita a uma casa de fados com uns amigos e a insistência destes para Ana Moura cantar.
Nesse dia, Ana Moura começou a sua carreira no fado. O tema “Senhor Vinho”, descrito pelo repórter como um tema tradicional português, que Ana Moura cantou nessa noite – recebendo elogios dos aos fadistas presentes – foram os fios condutores para fado entrar na sua vida.
Na casa de fados onde passou a atuar aprendeu a improvisar e a encontrar novos poemas para cantar, conta a fadista ao jornal britânico. Foi também nesta aprendizagem que conheceu o seu produtor, Jorge Fernando, que trabalhou com “a grande fadista Amália Rodrigues”.
Alma de fadista: intensidade e emoção
O repórter destaca a intensidade do estilo de Ana Moura como comprova a sua atuação no Festival Internacional Womad –World of Music, Arts and Dance, onde a cantora “agarrou o público com o seu estilo intenso, emocional e dramático”, com as suas canções e ainda com a interpretação inesperada do tema dos Rolling Stones, “No Expectations”.
Para além das características únicas, Robin salienta a determinação da artista: “Apesar de ser tímida fora do palco, sempre esteve determinada a fazer as coisas à sua maneira”.
Nos seus álbuns, refere, há uma “espontaneidade musical” como no seu último trabalho “Leva-me aos Fados”, onde teve a colaboração dos Gaiteiros de Miranda. O jornalista salienta a originalidade da mistura do fado com a música folk.
Outro exemplo dado pelo repórter, e à sua atuação recente com os Frankfurt Radio Big Band, onde aproxima o fado do jazz.
No artigo do “The Guardian” o jornalista considera que foi a “atitude experimental” que a ajudou a estabelecer as ligações com a banda Rolling Stone e o artista Prince. Moura gravou “No Expectations” e “Brown Sugar” com um ritmo de fado da mouraria.
Rolling Stones e Prince
O artigo refere ainda a sua colaboração com os Rolling Stone, em 2007, quando foi convidada a atuar com a banda no concerto que deram em Portugal.
Depois foi a vez de Prince “que comprou os seus álbuns na internet e assistiu a um espetáculo da fadista, em Paris”. Quando veio atuar em Portugal, no Festival Super Rock Super Bock em 2010, Prince convidou-a para uma atuação em conjunto.
Num momento que o jornalista descreve como “mágico”, Prince acompanhou com a sua guitarra elétrica o tema de Ana Moura “A sós com a noite”. Robin refere que “aquando do início da música, o público silenciou e as pessoas tiveram a sensação de que estavam numa outra dimensão musical”.
A colaboração entre os dois foi além dos palcos: Ana Moura e Prince já gravaram no estúdio deste em Minneapolis, Estados Unidos, e na casa da fadista.
Por fim, o jornalista interrogou a artista sobre o próximo álbum, ao que Ana Moura respondeu “que podem estar presentes alguns desses temas, mas até à sua elaboração se verá”. Uma resposta própria de Ana Moura para quem “as coisas simplesmente acontecem”.
Brevemente a fadista vai dar dois concertos nas terras de Sua Magestade: a 28 de outubro no Elmwood Hall, em Belfast, Irlanda do Norte, e a 29 e 31 do mesmo mês, em Barbican, Londres.
Clique AQUI para ler o artigo na íntegra.
Clique AQUI para acompanhar o trabalho de Ana Moura.
[Notícia sugerida por Anabela Figueiredo]