A descoberta da nova galáxia, baptizada de SMM J2135-0102, foi feita acidentalmente quando os astrónomos observavam um cluster massivo de galáxias através do telescópio APEX, que faz parte do grupo de grandes telescópios europeus – Very Large Telescope (VLT) – instalados no Chile.
Esta observação só foi possível porque a massa do cluster de galáxias atuou sobre a luz da galáxia mais distante funcionando como uma espécie de lente gravitacional, explicam os astrónomos. Esta “lente especial” criada pelo cluster ampliou a galáxia, fornecendo aos cientistas imagens detalhadas e nítidas, que de outra maneira não teriam sido observadas.
“Ficámos espantado por observar, numa posição inesperada, um objecto tão brilhante. Depois percebemos que era uma galáxia desconhecida e muito distante que estava a ser ampliada pelo cluster de galáxias,” explicou Carlos De Breuck do ESO, que faz parte da equipa de observação.
A luz de SMM J2135-0102 demora tanto tempo a alcançar os telescópios que as imagens observadas, segundo os astrónomos, representam um acontecimento com mais de 10 mil milhões de anos.
A descoberta mostra que estas “maternidades estelares”, dos primórdios do universo, tinham um ritmo de produção cem vezes maior do que aquele que é registado nas actuais galáxias. A pesquisa foi publicada esta semana na página online do jornal Nature.
A “fábrica de estrelas” tinha um tamanho próximo da Via Látea mas era cem vezes mais luminosa, o que sugere que a formação de estrelas no início do universo era muito mais intensa do que a das galáxias que se encontram mais próximo da terra em termos espaciais e temporais. “Nós calculamos que a SMM J2135-0102 estivesse a produzir estrelas a um ritmo de 250 sóis por ano,” salienta Breuck.