Uma mistura específica de extrato de cacau - denominada "Lavado" - tem potencial para reduzir os danos existentes no cérebro dos pacientes com Alzheimer ainda antes de estes começarem a apresentar quaisquer sintomas.
Uma mistura específica de extrato de cacau – denominada “Lavado” – tem potencial para reduzir os danos existentes no cérebro dos pacientes com Alzheimer ainda antes de estes começarem a apresentar quaisquer sintomas. A conclusão é de um estudo desenvolvido nos EUA que poderá apoiar a implementação de novos tratamentos ou regimes alimentares.
A investigação norte-americana, cujos resultados foram publicados em Junho na revista científica Journal of Alzheimer's Disease (JAD), envolveu testes feitos em ratinhos com a doença e sugere que este tipo de extrato de cacau evita que a proteína beta-amilóide, muito associada ao aparecimento da patologia, se acumule em placas no cérebro, danificando os neurónios e fazendo progredir o Alzheimer.
Em comunicado, os investigadores responsáveis pelo estudo, da Faculdade de Medicina Icahn – Mount Sinai, explicam que o extrato de cacau “Lavado” é composto maioritariamente por polifenóis, antioxidantes também encontrados na fruta e nos vegetais e que anteriormente foram já apontados como agentes protetores contra dodenças neurodegenerativas.
“Os nossos dados indicam que o extrato de cacau “Lavado” previne a formação anormal de estruturas resultantes da acumulação de proteína beta-amilóide que, em última instância, causa declínio cognitivo”, explica Giulio Maria Pasinetti, principal coordenador da investigação e professor de neurologia naquela instituição de ensino superior.
“Dado que se acredita que o declínio cognitivo na doença de Alzheimer começa décadas antes de os sintomas se manifestarem, acreditamos que estes resultados podem ter amplas implicações na prevenção da doença de Alzheimer e de outras demências”, acrescenta o especialista.
Esta é a primeira vez que um estudo revela que a inclusão de determinadas quantidades de polifenóis específicos do cacau na dieta ao longo do tempo pode prevenir os danos no cérebro e, consequentemente, este tipo de doença.
Os investigadores analisaram os efeitos de três tipos de extrato de cacau: natural, processado de acordo com o método holandês (que passa pelo tratamento com um agente alcalino para modificar a cor e o sabor) e “Lavado”, contendo todos eles diferentes quantidades de polifenóis e sendo avaliados de acordo com a capacidade de “resgatar” as funções sinápticas, ou seja, as ligações entre os neurónios.
A equipa concluiu que o extrato de cacau “Lavado” é o que contém uma maior quantidade de polifenóis e propriedades anti-inflamatórias, o que torna o ideal para combater e prevenir o problema, afirmou Pasinetti.
Os investigadores esperam que estas conclusões venham a incentivar a realização de outros estudos para identificar o papel deste tipo de extrato de cacau no cérebro e identificar potenciais alvos terapêuticos, bem como para o transformar num suplemento dietético que se possa constituir como uma alternativa barata e acessível para prevenir o Alzheimer desde as suas fases mais precoces.
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo publicado na revista Journal of Alzheimer's Disease (em inglês).