Entre 2011 e 2012 verificou-se uma enorme subida, na ordem dos 25%, do volume das exportações de azeite português. Ao Boas Notícias, a secretária-geral da Casa do Azeite, Mariana Matos, fala num desempenho "verdadeiramente extraordinário".
O azeite português continua a conquistar os mercados internacionais. Entre 2011 e 2012 verificou-se uma enorme subida, na ordem dos 25%, do volume das exportações deste produto e um “expressivo crescimento” do valor das vendas para o estrangeiro. Em entrevista ao Boas Notícias, Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite, afirma que este é um desempenho “verdadeiramente extraordinário”.
por Catarina Ferreira
É certo que a quota atual do azeite português no mercado mundial é “bastante residual”, correspondendo apenas a cerca de 2,3% dos movimentos feitos anualmente (70 mil toneladas de um total de 3 milhões de toneladas), mas tal não limita a influência do produto além-fronteiras.
“Portugal nunca será um grande produtor mundial, mas é um dos melhores e mais dinâmicos países produtores”, garante Mariana Matos. Prova disso é que, entre 2011 e 2012, o nosso país registou, em volume, uma subida de cerca de 16.000 toneladas (de 64.935 para 81.000) nas exportações de azeite.
A par deste aumento, revelam dados da Casa do Azeite, registou-se também uma subida de aproximadamente 15% no valor das exportações, que saltou para os 224 milhões de euros até Novembro de 2012, números provisórios que antecipam um incremento ainda mais significativo.
Brasil lidera importação de azeites embalados
O Brasil continua a ser o principal importador dos azeites embalados portugueses, “absorvendo mais de 60% das nossas exportações totais”. Nesse mercado, aponta Mariana Matos, “Portugal detém uma quota de cerca de 55%, sendo líder incontestado”.
Com um crescimento “também muito significativo surge na lista de compradores o mercado de Angola, seguido de Venezuela e Estados Unidos”, desvenda a responsável ao Boas Notícias.
A secretária-geral da Casa do Azeite sublinha também que “em termos de exportações de azeite a granel, isto é, sem marca, as vendas para Espanha e Itália têm crescido muito nos últimos anos”, o que faz destes mercados os dois “mais representativos a seguir ao Brasil”, alertando que convém, no entanto, lembrar estão em causa “dois tipos de exportações muito distintas”.
Os transalpinos têm, aliás, investido numa outra estratégia que passa pela aquisição de azeite português para revenda. Embora, à partida, esta prática possa parecer uma ameaça ao negócio português, Mariana Matos desvaloriza e considera que estas são “transações normais no mercado mundial de azeites a granel, que se verificam entre os vários países comunitários e não só”.
“[Esta aquisição] representa o reconhecimento da qualidade do azeite português, bem como a disponibilidade que hoje existe em Portugal, e que é relativamente recente, de lotes de azeite com elevada qualidade e quantidade”, defende.
“A curiosidade é que Portugal era um país tipicamente importador de azeites a granel e, agora, começa também a ser um país exportador”, nota ainda, realçando que a situação é impossível de contrariar “já que nos encontramos num espaço económico aberto, com livre circulação de pessoas e mercadorias” e que não há interesse em fazê-lo.
China e Rússia entre as maiores apostas para o futuro
As atenções do setor do azeite estão, por outro lado, voltadas para a expansão para novos mercados, em particular os “gigantes” China e Rússia, acerca do potencial dos quais existe, admite Mariana Matos, “uma grande expectativa”.
“Ambos têm apresentado um crescimento muito significativo nos últimos anos e são encarados como os dois mercados de maior crescimento potencial no futuro, mas será necessário fazer um esforço continuado de promoção deste produto para que se possam alcançar resultados satisfatórios”, avisa.
No entender da secretária-geral, a principal dificuldade de penetração nestes mercados prende-se com o facto de o azeite ser “um alimento totalmente desconhecido nas suas culturas” apesar dos seus “excelentes argumentos do ponto de vista nutricional e dos seus benefícios para a saúde”.
“As pessoas têm que se habituar a valorizar o produto e a incorporá-lo na sua dieta habitual. Sem um esforço significativo, coordenado e continuado será muito difícil conquistar esses gigantescos mercados”, reconhece Mariana Matos.
Abrandamento no ritmo deverá marcar 2013
Para 2013, as perspetivas são de crescimento, mas com reservas, tanto em relação ao mercado externo, como ao mercado nacional. A responsável antevê um ligeiro abrandamento do ritmo “devido ao aumento dos preços do produto na origem”.
“Em termos de mercado interno, e pela mesma razão, pensamos que também não haverá um crescimento do consumo, sendo mesmo provável uma ligeira quebra, tendo em conta as dificuldades que o país atravessa e o aumento dos preços do produto no mercado”, conclui.
[Notícia sugerida por Lídia Dinis]