À frente da expedição vai estar o British Antarctic Survey (BAS), que estuda há vários anos a hipótese de existência de vida microbiana em ambientes frios, negros e isolados, como o deste lago. Até ao local, situado a cerca de 16 mil quilómetros do Reino Unido, vão levar 70 toneladas de equipamento e investigadores que devem recolher sedimentos do fundo do lago, explica a BAS em comunicado.
O lago Ellsworth será assim o primeiro de 387 lagos subglaciais a ser analisado com tecnologia espacial limpa. “Encontrar vida num lago que pode ter estado isolado do resto da biosfera por cerca de meio milhão de anos poderá contar-nos muito sobre a possível origem e evolução da vida na Terra, e mesmo noutros ambientes extraterrestres. Se não encontrarmos nada, será ainda mais importante porque irá definir os limites a partir dos quais a vida já não pode existir”, explicou no comunicado David Pearce, coordenador científico do BAS, e líder da equipa que irá procurar vida nos sedimentos do lago.
A expedição vai ser liderada por um consórcio entre o British Antarctic Survey e o National Oceanography Centre, em colaboração com oito universidades inglesas, entre elas a de Edimburgo. O programa em torno do lago foi fundado pelo Natural Environment Research Council.
Martin Siegert, o principal investigador do Programa Lake Ellsworth, e professor da prestigiada universidade encontra nesta aventura a concretização de um desejo antigo. “Durante mais de 15 anos planeámos explorar este mundo escondido. Só agora temos a tecnologia necessária para perfurar a a camada de gelo mais espessa da Antártida e recolher amostras sem contaminar este ambiente intocado pelo Homem”.
Para o fazer a equipa vai usar um género de canhão de água quente cuja pressão consegue perfurar até os sedimentos mais compactos do gelo glaciar. Depois uma sonda irá descer pelo canal perfurado e recolher imagens e amostras do fundo daquele que é considerado um dos sítios mais inóspitos do mundo.