O exercício pode ser uma arma poderosa contra o cancro. De acordo com um estudo norte-americano, a prática de atividade física melhora a oxigenação e contribui para "encolher" os tumores e para ampliar os benefícios da quimioterapia.
O exercício pode ser uma arma poderosa contra o cancro. De acordo com um estudo norte-americano, a prática de atividade física aumenta o fluxo de sangue até ao local onde o cancro está alojado, melhorando a oxigenação e contribuindo para “encolher” os tumores e para ampliar, ao mesmo tempo, os benefícios da quimioterapia.
Um dos “métodos” utilizados pelas células cancerígenas para resistir aos tratamentos é a criação, em torno do tumor, de uma rede de vasos sanguíneos tão apertada que torna quase impossível permitir a entrada do oxigénio e que o protege dos efeitos tóxicos da quimioterapia e da radiação, que atuam com mais eficiência em tecidos melhor oxigenados.
Depois de estudarem várias abordagens para aumentar o fluxo sanguíneo na região dos tumores e incrementar a potência dos tratamentos – a maior parte das quais sem sucesso -, investigadores da Universidade de Duke, nos EUA, descobriram que o exercício pode ser a mais eficaz.
De acordo com um estudo publicado, esta semana, na revista científica Journal of the National Cancer Institute, a equipa descobriu que o exercício estimula a melhoria do funcionamento dos vasos sanguíneos em redor dos tumores, aumentando o fluxo de oxigénio.
Atividade física amplia efeitos da quimioterapia
Além disso, em combinação com a quimioterapia, a atividade física promove uma redução mais rápida e bem-sucedida destes tumores em modelos animais que praticam exercício do que nos sedentários, concluíram os investigadores através de um estudo com ratinhos com cancro da mama.
Os investigadores utilizaram dois modelos de células cancerígenas mamárias e implantaram-nas nestes animais, que foram, depois, distribuídos aleatoriamente por dois grupos – um que foi incitado a fazer exercício (correr numa roda) e o outro que se manteve sedentário.
Entre os animais que se exercitaram, o crescimento dos tumores foi significativamente mais lento, observando-se, também, uma melhor circulação do oxigénio até ao tecido cancerígeno.
Os cientistas analisaram, depois, os efeitos do exercício na fisiologia do tumor, tentando compreender se esta prática aumentava a eficácia de um fármaco usado durante a quimioterapia, a ciclofosfamida.
Com efeito, a progressão dos tumores foi mais lenta nos animais nos quais o exercício foi combinado com a quimioterapia do que nos restantes. Tanto nos ratinhos que apenas exercitaram como nos que somente receberam o tratamento com ciclofosfamida, o crescimento tumoral também foi desacelerado, o que sugere que o exercício pode mesmo ter um efeito semelhante ao da quimioterapia.
Efeitos do exercício vão ser testados em humanos
“Há cada vez mais estudos que provam que o exercício é uma terapia segura e tolerável e que está associada a melhorias em termos de qualidade de vida e de redução de sintomas como a fadiga em vários tipos de cancro, como é o caso do cancro da mama”, realça, em comunicado, Lee Jones, coautor do estudo.
Os cientistas dizem-se “maravilhados” com esta descoberta, que acreditam ser “muito encorajadora”, e estão agora a “desenhar novos estudos para apurar se o exercício consegue inibir o crescimento de tumores e o risco de recorrência do cancro em humanos”.
Clique AQUI para aceder ao estudo (em inglês).
Notícia sugerida por António Resende